Rede móvel: Comunicações (ainda) pouco democráticas no Ribeiro de Baixo

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Desligada a opção de seleção automática de rede do dispositivo (preparado para sinal 5G, se disponível), verificamos que apenas a operadora MEO aparece na opção como escolha manual de rede.


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No final de Maio, por altura da realização da reunião descentralizada do executivo do município de Melgaço, realizada na antiga Escola Primária do Ribeiro de Baixo, foi também levada a efeito a inauguração de duas torres de telecomunicações nos lugares de Ribeiro de Baixo e Ribeiro de Cima, na freguesia de Castro Laboreiro.

Os equipamentos agora instalados pretendem dar resposta às reivindicações da população, que há muito ansiava pelo direito às telecomunicações nestas localidades.

Não assinalámos hoje [31 de Maio] meras inaugurações, mas sim a conquista de um direito da nossa população, o direito à segurança e conforto da comunicação, essencial na casa de qualquer cidadão, fomentando a coesão territorial e social. Ribeiro de Baixo e Ribeiro de Cima estão, a partir de hoje, conectados com qualquer parte do mundo. É com comunicações que se faz o desenvolvimento“,

Manoel Batista
(Nas redes sociais do municipio, publicado a 1 de Junho)

A inauguração marca assim a franca evolução da cobertura de redes móveis e fibra almejada há anos para o território do Parque Nacional Peneda-Gerês.

Não podemos ter um português de primeira, que vive em zonas urbanas qualificadas com acesso a tudo, e com jeito estamos a discutir 5G para alguns pontos do território, quando outros pontos nem 2G têm”, reivindicava o presidente da Câmara, Manoel Batista, em 2019, aquando da visita da Comissão Executiva da Altice Portugal a Melgaço, representada pelo então Chief Technology Officer da empresa, Luís Alveirinho.

Cerca de três anos depois, a conectividade chegou extremo do território. O jornal “A Voz de Melgaço” foi testar a conectividade em Ribeiro de Baixo.

Chegados ao centro do Lugar, a torre de comunicação, imponente junto à antiga Escola Primária, não perturba a esmagadora paisagem da serra que cerca ambos os Ribeiros, que isola mas também protege as localidades dos rigores do Inverno. Um imenso verde dá trabalho aos poucos que ainda resistem e lutam para urbanizar aquele pedaço de terra.

A canícula que se faz sentir remete um rebanho de cabras, lá ao fundo, junto ao rio, para a sobra de uma parede.

Subimos ao centro da aldeia e, debaixo de umas cerejeiras, próximo da capela de Santo António, tentamos ligar através da rede NOS, em jeito de teste, para a central telefónica da Câmara Municipal de Melgaço. Após uma curta pausa sem qualquer sinal, o dispositivo informa-nos que é “impossível ligar”.

Desligada a opção de seleção automática de rede do dispositivo (preparado para sinal 5G, se disponível), verificamos que apenas a operadora MEO aparece na opção como escolha manual de rede. Esporadicamente, surge a NOS como opção, mas uma vez escolhida, dá-nos sinal de uma ‘falsa’ cobertura 4G, pois experimentada com acesso ao Google, indica “sem ligação à internet”.

Aproximamo-nos da torre instalada, que entendíamos servir, como pretendido em 2019 e efectivado no centro de Castro Laboreiro, onde as três operadoras [MEO, NOS e Vodafone] reforçam sinal a partir da mesma torre, vemos que apenas a operadora MEO tem visível o logo que autentica a sua cobertura no território.

Acima, quando já desistimos de encontrar alguém a quem perguntar se o reforço das comunicações tiveram influência, a buzina da carrinha de distribuição de pão, da padaria Castrejinha, faz surgir uma residente, que já outrora entrevistamos a propósito da ausência de comunicações, em 2017.

Carina Pereira, da Castrejinha, congratula a chegada das comunicações móveis, que muito a descansam quando, eventualmente, recebe chamadas da escola, onde tem uma filha.

Em síntese, actualmente há comunicações fixas e móveis no Ribeiro de Baixo. Mas com especial ressalva, ainda sem a democracia de escolha de operador. Nesta, a MEO tomou a dianteira.

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“O turismo que chega a Castro Laboreiro exige esta ligação à agua, era uma vontade grande dos operadores, dos turistas e da população, portanto vai ser terminada. Com a serenidade necessária, depois destas questões mediáticas, com as entidades e com articulação estreita com a tutela, as coisas a seu tempo serão terminadas e resolvidas”.
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