Marchas de São João: Há fidalguia, ouro e paixão no desfile de Melgaço

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Filipe Dias, desenhador dos estilos que a marcha da Casa do Povo tem levado à rua nesta noite de espetáculo, mantém o secretismo até à noite do desfile, mas permite-nos mostrar pequenos apontamentos das cores que poderemos ver em trajes completos daqui a algumas horas.


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As marchas populares de São João desfilam hoje (24 de Junho) a partir das 21 horas, atravessando a vila de Melgaço pelas suas principais artérias do centro urbano. Recorde-se que, pela primeira vez, as marchas em desfile atravessarão a Rua Direita, decorada pela Academia Sénior Inês Negra.

A Marcha da Associação Casa do Povo de Melgaço tem granjeado, ao longo das últimas três edições – com o interregno de dois anos devido à pandemia Covid-19 – a admiração pelos vistosos trajes, música e danças criadas e/ou adaptadas à realidade ou história de Melgaço.

Quanto aos trajes, Filipe Dias, desenhador dos estilos que a marcha da Casa do Povo tem levado à rua nesta noite de espetáculo, mantém o secretismo até à noite do desfile, mas permite-nos mostrar pequenos apontamentos das cores que poderemos ver em trajes completos daqui a algumas horas.

O tema, para irmos informados do enquadramento histórico, é a fidalguia melgacense, com algumas liberdades nas cores, para que o brilho sob as luzes possa ser mais ostensivo e encha o olho ao espectador.

“Antigamente, em Melgaço, Monção, Ponte de Lima, Arcos de Valdevez, havia muitos fidalgos. Distinguiam-se pela forma de vestir, as casas brasonadas, as heranças de família… por isso, nestes trajes, destaca-se o dourado em alusão ao ouro do Minho, o vermelho alude à paixão e o azul gera contraste com o vermelho e o branco presentes no traje”.

Filipe Dias

“Como é uma marcha espetáculo, pusemos mais brilho do que havia antigamente, mas assumimos os brilho, e o estilo”, acrescenta o criador dos trajes, mas também de outros complementos do espetáculo.

Unaimer Gutierrez, da Venezuela, a residir em Melgaço há cerca de um ano (completado nas vésperas desta noite de marchas, completou a equipa de concepção dos trajes. Já na sua terra natal trabalhava com moda, criava e costurava, e este primeiro grande trabalho em terras melgacenses permitirá dar a conhecer o esmero e empenho que coloca em cada pormenor, cada dobra dos trajes que serão testados ao limite durante cerca de 15 minutos de dança (além do desfile) que durará a apresentação da marcha da Casa do Povo.

Atualmente, divide o seu tempo entre o trabalho numa bomba de gasolina local e o trabalho na costura, num apartamento que é um verdadeiro estúdio/atelier de moda. Uma “confusão” que admite gostar e que pretende ser cada vez mais o seu mundo.

A melgacense Joana Reinales também colabora neste projecto que envolve a cada ano mais gente, a quem coube a parte do desenho do traje dos padrinhos da marcha.

A música que dará o ritmo ao desfile e dança do Largo do Mercado é inspirada na marcha cantada por Amália Rodrigues para a noite das marchas de Lisboa em 1963, “Lisboa Bonita”, mas adaptada à realidade melgacense e aos instrumentos que significam mais à população raiana. Tocada com instrumentos “normais de uma marcha”, a equipa criativa local adicionou uma gaita de foles, “é um instrumento típico daqui”, por influência galega.

Também na letra, aproveitando parte da outrora cantada por Amália Rodrigues, a marcha da Casa do Povo aproveitará a métrica para cantar sobre a fidalguia melgacense e a história local, adaptada por Manuela Lobato.

Além da marcha da Associação Casa do Povo de Melgaço, desfilarão também a Marcha Infantil da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço e a Associação Noites Gaiteiras. O desfile inicia na Rua da Calçada e termina no Largo do Mercado Municipal, local onde decorrerá a respetiva apresentação.

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