Alvarinho: Paulo Cerdeira Rodrigues avança com aumento sobre mínimos a pagar (por quilo) para a colheita de 2023

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O produtor e mentor dos vinhos QR quer somar mais ao “esforço” de 2022, no qual, “em vez de pagarmos a uva a 1 ou 1,05 euros o quilo, elevamos o preço para 1,25”. “Este ano estamos a pensar subir mais um pouco, para 1,50€. Será o nosso próximo mínimo e estamos dispostos a acompanhar o que aconteça na região”.


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“Antes de ser produtor de vinho, vejo-me como produtor de uva”

Paulo Cerdeira Rodrigues, produtor da Quinta do Regueiro – de onde tem saído alvarinhos de referência a nível nacional como o Jurássico, o Primitivo ou o Maturado – lança o desafio à sub-região para que o reconhecimento aos produtores de uva alvarinha estabeleça novos mínimos e abre o período de discussão dos preços dando o exemplo do que quer para os agricultores.

“Antes de ser produtor de vinho, vejo-me como produtor de uva. Trabalhamos muito esse sector primário, tentamos percebê-lo e ver como deve funcionar no futuro para que seja rentável, não só para nós, mas para a região em si”, observa Paulo Cerdeira Rodrigues.

Assim, o produtor e mentor dos vinhos do Regueiro quer somar mais ao “esforço” de 2022, no qual, “em vez de pagarmos a uva a 1 ou 1,05 euros o quilo, elevamos o preço para 1,25 euros”. “Este ano estamos a pensar subir mais um pouco, para 1,50€. Será o nosso próximo mínimo e estamos dispostos a acompanhar o que aconteça na região”, atira.

Atento ao mercado do vinho, mas ainda mais ao crescimento da vinha, Paulo Rodrigues fala do desalento que as doenças da vinha, como o míldio, provocaram em quem perspectivava “um ano excecional no início, com uma nascença acima da média”.

Vinhas / DR [Quinta do Regueiro]

“Pensava-se que [a colheita de 2023] ia bater todos os recordes de produção. Tudo estava a correr bem até ao fim de Maio. O período de Junho, com chuvas de trovoada com descargas grandes, apesar de a região estar preparada e saber que o míldio é um problema grave na região, os produtos, quando cai muita água, perdem parte da sua eficiência e as vinhas acabaram por fiar desprotegidas. Como tivemos um período de quinze dias em que quase todos chovia, não era fácil combinar os tratamentos”, analisou.

Apesar do contratempo (e aqui a palavra faz todo o sentido, embora a região deva preparar-se para ele) o produtor dos vinhos do Regueiro prevê “uva suficiente para produzir, porque tivemos uma boa nascença e uma coisa acaba por equilibrar a outra”.

A marca Quinta do Regueiro, há cerca de 24 anos na produção de vinhos – iniciou em1986/87 com as primeiras vinhas – controla cerca de 11 hectares de vinha, que trabalha “diretamente” e na soma das partes não apresenta ‘queixas’ em especial.

“Temos coisas impecáveis e numa ou outra parcela onde fomos bastante afetados. Numa parcela poderei dizer que perdemos 50% da produção, sorte é que foi numa parcela pequena, de 2000 metros”, ressalvou o produtor.

Ainda sobre a competitividade da região na produção da matéria-prima que a empurra para os vinhos brancos de topo nacional, Paulo Cerdeira Rodrigues defende que “a região, para que possa continuar versátil, as pessoas continuem apaixonadas e a trabalhar a vinha com amor, o valor de 1 euro (por quilo) começa a ser curto, até para enfrentar todas estas coisas que vão acontecendo. Se fizermos subidas graduais, a empresa vai ganhando margem de manobra para, progressivamente, ir aumentando os preços”, sugere.

O exemplo é empírico e fruto da estratégia aplicada na Quinta do Regueiro, que tem vindo, em crescendo, a impor-se no mercado nacional e internacional e a fazer com que novos mercados paguem a valorização da casta, transferindo em consequência parte dessa valorização para quem cuida da uva.

“Neste momento estamos em condições de poder assumir já o 1,50 euros/quilo sem pôr em causa o nosso negócio e tendo em perspectiva valorizar as pessoas que trabalham efetivamente conosco”, garante.

No mercado, um Alvarinho clássico da Quinta de Regueiro terá um P.V.P entre os 9 e os 11 euros, mas Paulo Rodrigues confessa que só a exportação permite criar uma carteira capaz de assumir despesas maiores.

“O nosso país, por vezes, é pequeno para tanto vinho a esse patamar de preço. Acredito que um dos sucessos da região é que as empresas andem todas na ordem dos 30, 40% na exportação, onde se trabalha com mercados como os estados unidos, mercados nórdicos ou asiáticos, com valor acrescentado e em países com poder de compra”, indicou.

Para os vinhos QR, a exportação já representa 50% do negócio, com reforço em mercados novos como Singapura e Canadá, além de um reforço considerável nos Estados Unidos da América e dos 20 países da UE onde tem presença regular.

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