Bruno Ribeiro: O inusitado ‘repórter’ que tornou um transporte de componentes numa ‘novela’ mediática seguida por milhares

Avatar photo
“Subi vinte minutos pela montanha até quase ao chegar ao local, camuflado pela vegetação, para não dar a impressão de que estava ali alguém a captar imagem. Cheguei lá com bastante curiosidade e comecei a captar imagens do local. Era um cenário bastante impressionante”.


Publicidade

Desde que começou a enviar registos do que vê, o seu nome veio sendo referido – algumas vezes em letra demasiado miúda para o que cedia, uma vez que a imagem era o centro da notícia – em notícias e publicações de Facebook ou outras redes sociais.

Bruno Ribeiro, funcionário publico da Câmara Municipal de Melgaço, admite que sempre gostou de fotografia e reconhece que, perante um objecto ou momento fotografável, se várias pessoas o fotografarem, “pode resultar uma imagem completamente diferente”.

Tem pautado pela sua diferença, mas a verdadeira exclusividade, que lhe valeu o protagonismo definitivo, foi a partilha de imagens relativas ao transporte (e incidente) das pás das torres eólicas  de grande dimensão para o subparque de Picos, onde foram instalados dois aerogeradores GE158, que tem mais de 120 metros de altura e pás de 74,4 metros de comprimento. Mas já lá iremos.

Bruno Ribeiro não é fanático pelas máquinas fotográficas até porque, admite, “atualmente consegue fazer-se bastantes coisas com um telefone”. Com esta premissa e de telemóvel (smartphone) em punho, tem o intuito de “dar a conhecer às pessoas aquilo em que não puderam estar no momento”.

São dele – em rigoroso exclusivo – as imagens de que certamente o leitor se lembrará de ver nas redes sociais ou em notícias partilhadas, quer pelo jornal “A Voz de Melgaço”, pela rádio “Vale do Minho”  ou pelo “Jornal de Notícias”, com a cedência devidamente creditada. Há nelas momentos como a passagem do transporte das pás sob a ponte de Remoães, na ponte da Carpinteira (em Roussas) ou do incidente ocorrido com o reboque da primeira eólica, em Fevereiro, já próximo de chegar ao seu destino.

Tudo começou a cativar o seu interesse quando começou a retirada do separador da estrada em Remoães e a montagem de uma rampa. Diziam-lhe que seria para a passagem de componentes de “eólicas de grande envergadura”.

Começou por procurar informação sobre o dia da chegada e até a estabelecer contacto com um amigo, a morar em monção, para o alertar quando o ostensivo transporte passasse no concelho vizinho.

Esse dia chegou e rapidamente começou por fazer as melhores imagens de todo o processo, na estrada à chegada ao centro da vila e mesmo em pontos onde foi percebendo que o enquadramento resultaria melhor. Uma delas foi “a Ponte da Carpinteira, antiga e estreita, resultava pelo contraste. Era algo de muito moderno, como uma pá de uma eólica, em cima de uma ponte histórica”.

Conhecia bem a estrada, acompanhou alguns passos desta subida difícil. Mas nada o prepararia para o incidente que gerou um Buzz quase nacional. E Bruno Ribeiro estava no centro de tudo, sem perceber.

Fez “trabalho de repórter”, registando e partilhando com os órgãos de comunicação locais e regionais o que se ia passando. Até que, num dos dias, um amigo lhe enviou uma foto, “bastante desfocada” do reboque que se tinha acidentado – por razões técnicas, indicaria a transportadora LASO pouco depois, em comunicado – causando um problema que a geografia do terreno e a dimensão do transporte não tornaria de fácil resolução.

“Consegui perceber onde era o local e, como saio às 11h30, dirigi-me para o local. Fui de carro até Pomares, onde a estrada estava cortada pelas autoridades e o transito desviado para a direita, por Parada do Monte e Fitoiro. Virei para Parada do Monte, segui pela estrada de Cortelhas e comecei a perceber que a eólica estava tombada ao começar a subir Cortelhas em direção a Cubalhão. Subi até Cubalhão, à zona do miradouro, e ali também estava bloqueada pela Protecção Civil e GNR”, começa por contar Bruno Ribeiro, desta jornada que lhe valeu caminhadas pelas serra.

“Subi vinte minutos pela montanha até quase ao chegar ao local, camuflado pela vegetação, para não dar a impressão de que estava ali alguém a captar imagem. Cheguei lá com bastante curiosidade e comecei a captar imagens do local. Era um cenário bastante impressionante. Ver o reboque tombado com a eólica tinha um impacto muito maior, com a equipa da LASO e os técnicos em conferência. Tentavam levantar o reboque causando os menos danos possíveis, mas duas gruas não estavam a conseguir levantar a pá, tiveram de chamar uma terceira”, conta ainda o investido repórter no terreno.

Ao fim do dia, já com pouca luz, viu-se obrigado a descer a pé o caminho de volta até ao carro, mas um género de curiosidade jornalística o prendia ali. “Não queria vir porque os trabalhos davam a entender que seria levantada ainda naquelas horas, e o momento que queria captar era o levantamento”, diz ainda. Mas cedeu à evidência de que descer pelo monte já de noite não seria razoável e abandonou o local.

Às 11h30 do dia seguinte, arrumando o serviço da manhã, dirigiu-se para o local onde, dessa vez sim, conseguiu captar o momento do levantamento e regresso do reboque à estada. “Era só eu que estava no local [além dos técnicos e equipa da LASO] e naquele momento lamentou “não ter uma máquina com uma objectiva bastante grande”.

Foi por isso o único apoio de uma história que acabou bem, com os equipamentos, ainda utilizáveis, a seguirem marcha. Mas não acabava ali – mesmo depois de amplamente divulgado pelos jornais – o sentido de actualidade e divulgação de Bruno Ribeiro.  

“Devia haver mais divulgação de pequenos eventos, desportivos, religiosos, ou sociais. Eu, quando vejo algo de interesse para a população, procuro “A Voz de Melgaço” ou a rádio “Vale do Minho” para fazer essa divulgação”, diz, considerando que “tudo o que for divulgado vai ter um impacto maior. Muita gente me diz que, se tivesse sabido antes, teria ido”.

Talvez o nome de Bruno Ribeiro tenha ficado mais conhecido após as mais recentes partilhas e jornadas exclusivas, mas já em 2021 partilhava, dessa vez com a rádio “Vale do Minho”, umas estranhas luzes no céu. Não, não eram OVNIS.

 “Um dia, quando estava a pegar ao serviço, pelas 4h50 da manhã, viu-se uns quatro pontinhos seguidos, no céu. Teve impacto olhar para o céu e ver aqueles pontos todos seguidos a seguir na mesma direção”. Conta. Eram os satélites de Elon Musk, como esclarece a notícia da radio Vale do Minho, a quem o curioso funcionário do município de Melgaço enviara as imagens.

Questionado sobre eventual trabalho na área, Bruno Ribeiro não esconde que a vontade de captar o que de inusitado acontece à sua volta, mas também eventos diferentes o atrai.

“Gosto de fotografia, talvez trabalhasse com isto, não a tempo inteiro, mas é uma área que me interessa”, confessa, assumindo que apenas o move “o golpe de vista” e a destreza no click da experiencia do ponto de vista do utilizador.

Total
0
Shares
Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigo Anterior

MDOC [Os filmes do dia]: O que sabemos sobre Teerão, a terra onde dançar na rua é “corrupção e prostituição pública”?

Artigo Seguinte

SC Melgacense volta às Comissões Administrativas, mas deixa para trás o fantasma da dívida milionária

Pode também ler