Melgaço em Patins: Luana Sequeira pôs mais de meia centena de atletas a sonhar com o pódio

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Desde há quatro anos, quando Luana Sequeira, natural do Porto, se estabeleceu como treinadora das várias camadas da Melgaço em Patins, os seus atletas vão somando pódios, pontuações de topo e um novo alento para a forma como encaram a patinagem.

Miguel e Hugo Alves, dois irmãos com talento natural para a patinagem artística, são dois dos melhores exemplos. Miguel Alves (a competir na categoria Infantil) e Hugo Alves (Cadete) alcançaram o pódio (convertido em pontuação para as escolas/clubes de formação) em Solo Dance, na Taça do Minho, que decorreu na primeira quinzena de novembro, em prova organizada pela Associação de Patinagem do Minho.

Miguel, o mais novo dos irmãos, atualmente com dez anos, já foi campeão nacional do Torneio Nacional de Benjamins, em 2023, e fez parte da Seleção Distrital no Inter-Regiões que decorreu em Lisboa. Em 2024, foi campeão distrital e vice-campeão nacional de Patinagem Livre. Face a estes resultados, foi convocado para representar Portugal na Taça da Europa de Patinagem Livre no escalão Infantil em Zurique (Suíça), que decorreu de 5 a 13 de outubro do corrente ano, onde conquistou um honroso 4º lugar entre os patinadores europeus em prova.

Ana Freitas, vice-presidente da associação Melgaço em Patins, conta-nos sobre o momento em que a ex-secção de patinagem do Sport Clube Melgacense, criada em 2016, decidiu trilhar o seu próprio caminho em 2018 e agarrar definitivamente a ambição que tinham desde o início.

“Começámos com outra treinadora, mas era mais lúdico. Sentimos a necessidade de crescer um bocadinho e aperfeiçoar as técnicas, e porque não trazer uma pessoa? Ainda era (e é) atleta, está mais dentro das novas regras e mais atualizada, e acho que foi uma boa aposta, crescemos bastante”, nota Ana Freitas.

A evolução foi notória e hoje os alunos já podem aprender todos os níveis de patinagem Livre e Solo Dance, o que abre ao clube a possibilidade de competir a nível regional e nacional, e daí para o mundo.

“A dificuldade maior é mesmo o custo dos patins”, confessa a vice-presidente, mas avança que também aí o clube pode apoiar nas primeiras experiências dos curiosos ou iniciantes a descobrir se tem paixão pela modalidade. “Para quem quiser iniciar e para que os pais não tenham essa dificuldade, até porque a criança hoje pode querer patinar e amanhã já não, o clube empresta os patins enquanto eles não sabem ainda muito bem se querem a patinagem ou não”.

“O nosso objetivo nunca foi ser lúdico, foi sempre conseguirmos levá-los a níveis e conseguir competir. Claro que há crianças que andam aqui para se divertirem, para terem uma atividade e temos que respeitar, mas também temos muitas crianças que gostam do desafio, até porque, quando eles vão a primeira vez a níveis, ficam sempre a querer aprender mais para poder ultrapassar o nível seguinte”, observou.

Luana saiu do Porto para viver e trabalhar em Melgaço

Luana Sequeira, a treinadora de patinagem artística do clube Melgaço em Patins, tornou o ‘longe’ em sua casa. Natural do Porto, chegou ao clube de patinagem de Melgaço há quatro anos, para treinar aos fins-de-semana. Era longe, em seis meses resolveu o problema das viagens: mudou-se para Melgaço, para ser professora a tempo inteiro.

“Gostei da terra, fiquei cá. É uma grande diferença, de uma grande cidade para uma vila, mas eu prefiro a calmaria do que a cidade. Gosto de ir lá aos fins-de-semana, mas é só de visita à minha família”, começa por contar a professora, que, entretanto, conseguiu conciliar os treinos com uma loja física de artigos de desporto, desde agosto de 2024, no centro da Vila de Melgaço.

“A minha mãe tem loja no Porto e eu trabalhava na parte da loja online, decidi abrir cá também, para ajudar. Não temos roupas só para patinagem, fazemos para outros tipos de arte e de desporto, também”.

As aulas de patinagem artística, que estavam a perder atletas até à chegada de Luana Sequeira, rapidamente transformaram o cenário de 35 alunos desalentados num pavilhão com 56 atletas federados – mais os Bambis, ainda a descobrir a modalidade – e a treinar de forma mais intensiva.

“Dou treinos às segundas, terças, quartas, sextas e sábados. Às quintas-feiras treino eu, porque eu também participo com eles no show, é o único espacinho que tenho para treinar”, nota Luana Sequeira.

“O clube não é só feito pela treinadora, a secção está muito por trás de tudo, ajuda bastante, tentamos dar tudo aos atletas e os próprios pais também fazem muito esforço, porque os fatos são caros, os treinos extra… A parte que os júris veem está nas minhas mãos, mas por trás há os pais, amigos e outros que ajudam. Fizemos uma angariação de fundos para o Miguel ir para Zurique e ajudaram-nos bastante para conseguirmos ir os dois, porque pagaram a minha viagem e a do Miguel, por isso, o clube faz tudo para que eles evoluam e que tenham todas as oportunidades possíveis”, ressalvou a treinadora.

Miguel Alves: “Experimentei futebol, não achei muita piada…”

Miguel Alves, o talentoso trunfo do Melgaço em Patins, tem dez anos, começou há seis a treinar. As contas são fáceis, de fazer, tinha quatro quando descobriu qual era o desporto a que se queria dedicar, depois de experimentar outros.

“O meu pai levou-me a experimentar vários desportos, um deles foi o futebol, só que eu não achei muita piada. Então viemos experimentar a patinagem e eu senti que era o meu lugar, onde eu queria estar. A patinar sinto que estou mais rápido, sinto mais facilidade até do que a andar”, conta o atleta a este jornal.

Diz que entende o que a treinadora pede em cada exercício, embora precise do seu tempo para assimilar, mas não tem tempo para se lamentar, nem mesmo quando cai.

“Uma vez tentei fazer um peão, cai e espetei um dente num lábio e o lábio abriu”, diz. Se ganhou medos? “Não, no dia, meti gelo e foi melhorando. Também já caía na escola…”, responde desvalorizando o ‘acidente’ de percurso.

Hugo Alves: “Quero competir a nível nacional”

Hugo Alves de 14 anos, começou no mesmo dia que o irmão, Miguel, há seis anos, mas foi há cerca de dois que sentiu que podia mostrar muito mais nesta versão artística da patinagem.

“Penso que foi por volta de há 2 anos. As coisas começaram a correr bem, comecei a aprender coisas novas, a partir daí foi só andar para a frente. Os treinos são puxados e custa, mas eu acho que… no fim tudo se consegue”, diz Hugo Alves. “Pretendo competir a nível nacional, em várias categorias, que ainda não é possível. Quero fazer nas provas aquilo que treino, é aquilo que eu quero fazer”, resume o atleta.

Paula Esteves, mãe de Miguel e Hugo, manifesta a sua satisfação com o apoio que tem dado aos dois filhos que, apesar da ligeira diferença de idades, se alinharam, quer no tipo de desporto que praticam, quer no empenho que colocam.

“Fazemos o que normalmente qualquer pai faz, que é acompanhar os filhos naquilo que eles gostam. Nota-se que há uma evolução, um esforço”, diz, longe de imaginar, quando os treinos começaram, que a aventura para os atletas seria desta dimensão.

“Há um esforço da nossa parte, em todos os aspetos, a nível de tempo, de dinheiro… As viagens têm custos, de combustíveis, portagens, alojamento, refeições. Mas pronto, é uma opção, eu levo-o porque quero”, notou.

Sobre este empenho em ambas as perspetivas, reconhece que o clube tem tentado cumprir o seu calendário, sem apoiar na autarquia ou patrocinadores para além do estritamente necessário.

“Para uma prova nacional não pedimos apoio, mas se calhar, se tivéssemos pedido, teria dado alguma ajuda, não sei. Pedimos para a prova internacional, para levar o Miguel à Suíça, e não só a Câmara, como muita gente – e quando digo muita gente, foi muita gente mesmo – ajudou para que conseguíssemos levar o Miguel e a treinadora à Suíça. E estou eternamente grata por isso”, reforçou Paula Esteves.

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