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Nos próximos 20 anos, Melgaço enfrentará um acentuado declínio demográfico, com as previsões a indicarem uma redução de cerca de 4.556 habitantes, passando dos 7.599 verificados em 2023, para aproximadamente 3.043 em 2043. Esta conclusão baseia-se em dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística (INE), da PORDATA e em projeções considerando a natalidade, mortalidade e migração.1
Os dados mais recentes (2023) da natalidade, revelam um número alarmante para Melgaço: apenas 16 nascimentos durante todo o ano, o que equivale a uma taxa de 4,1 nascimentos por mil habitantes (fonte: PORDATA). Esta taxa representa cerca de 50% da média nacional e acarreta, inevitavelmente, uma diminuição drástica da população jovem. Projetando estes dados para as próximas duas décadas, considerando a queda da população em idade fértil, em todo o ano de 2043, teremos aproximadamente 07 nascimentos.
Por outro lado, atualmente, 43,4% da população de Melgaço tem 65 anos ou mais. Atendendo a que a esperança média de vida, aos 65 anos, é de 20,02 anos, segundo dados do INE, podemos concluir que essas pessoas viverão, em média, mais duas décadas.
Com base nesses dados, estima-se que aproximadamente 3.297 falecerão ao longo dos próximos 20 anos. Isso corresponde a cerca de 165 óbitos por ano, em média, um número muito superior ao de nascimentos anuais previstos, o que agrava ainda mais o declínio populacional do nosso concelho.
Outro fator agravante é o saldo migratório negativo. Embora exista uma perceção da chegada significativa de imigrantes a Melgaço, os números apontam em sentido desfavorável. Analisando os dados relativos aos cinco anos mais recentes para os quais há informação disponível, fornecidos pela PORDATA, Melgaço tem perdido residentes devido à emigração:
Assim, verifica-se que, ao longo dos últimos 5 anos, o concelho de Melgaço perdeu 474 pessoas a mais, do que aquelas que nele se estabeleceram.
Apesar da tendência de diminuição do saldo migratório negativo, essa perda populacional constante impacta diretamente a economia local, a sustentabilidade dos serviços e o mercado de trabalho.
Caso não consigamos alterar a tendência das últimas décadas, os cálculos projetam que:
O número de nascimentos cairá para cerca de 7 por ano até 2043.
O número de óbitos situar-se-á nos 165 por ano.
A população sofrerá uma redução de 60% até 2043.
O saldo migratório negativo continuará, mas com tendência de redução no seu valor absoluto. No presente estudo, considerou-se uma redução de 20% a cada 5 anos.
Este cenário aponta para um concelho cada vez mais envelhecido e despovoado, exigindo políticas urgentes para fixar os nossos jovens, incentivar a natalidade e atrair novos residentes.
Diante desta realidade, uma série de estratégias devem ser exploradas.
Algumas poderão ser implementadas por iniciativa local, com a afetação para o efeito de recursos próprios do município e das freguesias. Outras, passam por medidas e políticas nacionais, pelas quais devemos lutar e exigir vigorosamente do governo central.
O futuro demográfico de Melgaço depende de uma consciencialização da real dimensão do desafio, assumindo-o como prioritário, e de uma resposta eficaz. Se nada de diferente for feito, o nosso território pode continuar a enfrentar um processo irreversível de despovoamento, comprometendo sua sustentabilidade a longo prazo.
* Consultor
(foto de destaque criada por IA)