Lugar aos novos: “Génese”, ‘aqui nasceste, aqui te tornas vinho’. Manuel Cerdeira saiu da escola para a vinha

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Manuel Cerdeira não fez gap year (ou ano sabático, como talvez soe melhor por cá): ainda não tinha desfeito a mala da chegada de Inglaterra – onde estudou Viticultura e Enologia, no Plumpton College – e já firmava, em sociedade com o pai, António Luís Cerdeira, os documentos que dariam origem à VineVinu, o projeto de que é co-fundador.

Não houve tempo para amadurecer outras ideias, além da que havia nas uvas da colheita desse ano, e ambos quiseram aproveitar ainda a 2024: tornaram uma adega em Requião (Vila Nova de Famalicão) a sua casa de experimentação perto do mar, e Melgaço como casa-mãe dos Alvarinhos – e deles próprios – onde têm também adega em construção.

Da vontade de tirar já de 2024 a sua primeira produção, surgiu o fruto (e o vinho), o Génese, de vinha selecionada pelos próprios, localizada acima dos 300 metros de altitude, onde acreditam haver “muito potencial. Os nossos vinhos desta zona vão ser sempre de altitude”, refere Manuel Cerdeira.

“A acidez permite-nos explorar estilos diferentes na adega, como é o caso do ‘Génese’, um vinho de Monção e Melgaço onde cerca de 50% do lote faz fermentação malolática”, explica.

A adega local, ainda em fase de implementação, será de pequena escala, pensada para dar resposta ao projeto específico da sub-região. Em Melgaço, trabalham atualmente com cerca de três hectares de vinha em parceria, o que permite uma produção estimada em torno das 20 mil garrafas para o vinho Génese.

O foco comercial do projeto passa pela restauração e garrafeiras especializadas. Embora a vertente empresarial da adega em Famalicão permita ganhar mais escala, Manuel Cerdeira assume que, para já, o posicionamento é como produtor de nicho. “Neste momento, acredito que tudo é nicho. Somos novos, estamos a ganhar nome”, afirma o jovem produtor.

A colocação das peças está mais do que definida: assumem que o projeto vínico mais próximo do mar será de experiências, mas Melgaço será o reduto da identidade do Alvarinho a 100%. “Desde o início, definimos que aqui será sempre 100% Alvarinho. No outro projeto trabalhamos blends, mas aqui não: só Alvarinho”, vincou Manuel Cerdeira.

Do Reino Unido, onde estudou, Manuel Cerdeira guarda as melhores impressões. “Em Inglaterra bebe-se o mundo inteiro. Existe uma cultura forte de wine bar e o vinho português, em particular os verdes, está a crescer muito. Têm frescura, acidez, versatilidade, são super gastronómicos. A aceitação lá fora é brutal, há muito potencial de crescimento”, frisa o jovem enólogo, que concretizou o seu plano de sempre.

“Desde sempre, disse que queria trabalhar com o meu pai. Desde que me lembro que provo vinhos em casa e sempre me foi transmitida a paixão pelo vinho, pela prova, paixão por coisas diferentes. Este foi o contexto perfeito de agarrar um projeto que não existia. É um projeto do zero, é super aliciante criar um conceito novo, e é mesmo isso que nós queremos: criar conceitos”, frisou.

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