Comédias do Minho estreia “As Aves” em Melgaço. Comédia grega de Aristófanes, revista por Jorge Andrade

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4 Sessões locais iniciam em Alvaredo, depois pelo vale do Minho até 1 de Dezembro

As Comédias do Minho, em cocriação com a mala voadora, apresentam uma nova adaptação de “As Aves”, uma das mais emblemáticas obras de Aristófanes, considerada a sua obra-prima, apesar de ter alcançado o segundo lugar na competição dionisíaca de 414 a.C.

Com texto e encenação de Jorge Andrade, esta versão contemporânea do texto clássico grego apresenta-se de 14 a 17 de novembro, em Melgaço. A peça sobe a palco hoje, 14 de Novembro, na sede da Associação A Batela (Alvaredo), a que se segue a Casa da Cultura de Melgaço, o Centro Cívico de Castro Laboreiro e a Associação Os Fronteiriços, em Cristóval, nos dias seguintes (ver horário das sessões abaixo). Após a sua passagem por Melgaço, a peça segue em digressão por Paredes de Coura e Monção.

Uma narrativa intemporal de poder e ambição

O tom é de comédia, mas o tema central é sério e muito atual. Na peça “As Aves”, Aristófanes transporta-nos para uma fábula política que, apesar de datada da Grécia Antiga, mantém sua relevância nos dias de hoje, trazendo ao palco uma reflexão crítica sobre a sociedade.

A história segue dois homens, que abandonam Atenas em busca de uma vida melhor. Acreditam que um homem, transformado em ave e capaz de voar e observar o mundo de cima, poderá guiá-los. Um desses homens é Pistetero. Ao descobrir a forma como as aves vivem, Pistetero decide que quer partilhar esse estilo de vida e, com a sua impressionante capacidade de persuasão, convence-as a fundar uma cidade onde se preserve a harmonia da vida das aves. As aves, inicialmente desconfiadas dos humanos, acabam por sucumbir à sua retórica, a ponto de o reverenciarem como um deus.

Capaz de encantar as multidões, Pistetero instala-se como líder absoluto. Esta adaptação de “As Aves” traz ao palco uma história povoada por pássaros, humanos e deuses, onde as palavras, quando bem ditas, soam como melodias que encantam e seduzem.

A partir do texto daquele que é considerado o maior representante da comédia antiga, a peça, que conta com interpretação de Cecília Matos Manuel, Cheila Pereira, David Pereira Bastos, Luís Filipe Silva, Maria Jorge, Pedro Moldão, Sara Costa e Tiago Barbosa, questiona assim o poder das palavras mostrando como a persuasão pode moldar a realidade e transformar uma utopia num regime de controlo. Pistetero torna-se o símbolo de como a retórica pode elevar, mas também subjugar.

Teatro, dança e música numa fusão única

Esta adaptação de “As Aves” aposta numa forte componente musical e visual. O tradicional coro síncrono é reinventado, proporcionando uma nova musicalidade às palavras de Aristófanes, enquanto a coreografia, delicadamente desenhada, transforma o palco num espaço onde o voo das aves se confunde com o gesto humano, questionando as fronteiras entre o natural e o artificial.

Os figurinos, assinados por José Capela, são uma extensão da própria metamorfose cénica, simbolizando a fusão entre o humano e o não-humano. Cada peça de vestuário é uma obra viva, traduzindo o imaginário das aves em movimento. O cenário, pensado como um espaço de utopia, transporta a cidade imaginária de Aristófanes para o presente, questionando as ambições e os excessos da sociedade contemporânea.

“As Aves” é uma coprodução entre  as Comédias do Minho, a mala voadora, Centro Cultural de Belém e o Centro Cultural de Lagos.

As Comédias do Minho tem Parceria Institucional com a República Portuguesa – Cultura e a mala voadora é uma estrutura financiada pela República Portuguesa – Cultura /Direção-Geral das Artes.

Ficha artística e técnica

direção Jorge Andrade, com assistência de Maria Jorge | texto Jorge Andrade, a partir de Aristófanes | com Cecília Matos Manuel, Cheila Pereira, David Pereira Bastos, Luís Filipe Silva, Maria Jorge, Pedro Moldão, Sara Costa, Tiago Barbosa | cenário e figurinos José Capela, com edição de imagem de António MV | execução dos figurinos Isabel Gonçalves (Blue) | aves Miss Suzie | luz João Fonte | sonoplastia Sérgio Delgado | direção técnica João Fonte (mala voadora) + Vasco Ferreira (Comédias do Minho) | apoio técnico Théo Wengleswki (Comédias do Minho) | produção Joana Mesquita Alves, Sofia Freitas e Cláudia Teixeira (mala voadora) + Pedro Morgado e Luís Carlos Silva (Comédias do Minho) | coprodução mala voadora, Comédias do Minho, Centro Cultural de Belém e Centro Cultural de Lagos.

M/12 | Duração: 80′ || Entrada livre sujeita à lotação da sala

Calendário de apresentações

MELGAÇO – 14 a 17 de Novembro 

14 de Novembro – Associação A Batela, Alvaredo | 21h00
15 de Novembro – Casa da Cultura de Melgaço | 21h30 
16 de Novembro – Centro Cívico de Castro Laboreiro | 21h00 
17 de Novembro – Sede da Associação Os Fronteiriços, Cristoval | 18h00 

PAREDES DE COURA – 21 a 24 de Novembro 

 21 de Novembro – Associação Cultural de Padornelo | 21h00 
22 de Novembro – Centro Cultural de Paredes de Coura | 21h30 
23 de Novembro – Escola Primária de Cerdeira, Cunha | 21h00 
24 de Novembro –  Sede da Junta de Freguesia de Formariz | 16h00 

MONÇÃO – 28 de Novembro a 1 de Dezembro 

28 de Novembro – Salão Paroquial de Lara | 21h00
29 de Novembro – Cineteatro João Verde de Monção | 21h30 
30 de Novembro – Salão Paroquial de Moreira | 21h00 
1 de Dezembro – Centro Cultural do Vale do Mouro de Tangil | 16h00 

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