Fundo da Aldeia da Varziela: Depois do sonho, o projeto de 1,5 milhões de euros

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“As casas estão super-degradadas, interessa mais o que é que se vai gastar a seguir, e vai ser muito dinheiro. Temos o objetivo de fazer aqui algo único, para respeitar este lugar que é único”


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Texto publicado na edição impressa de 1 de Abril de 2024 do jornal "A Voz de Melgaço" 

João Amorim mostrou o antes e (o que será) depois da aldeia turística para 50 pessoas

Em Fevereiro de 2023, o jornal “A Voz de Melgaço” dava nota do primeiro vídeo de João Amorim sobre a compra de “meia aldeia” em Castro Laboreiro.

O jovem passou por Castro Laboreiro a propósito do Caminho da Geira e dos Arrieiros, a caminho de Santiago, e acabou por estabelecer contactos para aquela que viria a ser a sua primeira compra de uma das casas da aldeia da Varziela.

O influencer do mundo das viagens partilhou a compra em vídeo nas suas redes sociais (followthesuntravel, no Instagram) e a notícia tornou-se viral, com mais de 1,4 milhões de visualizações no Instagram e mais de 700 mil no TikTok, além de ampla divulgação em “todos os jornais de Portugal e em todos os canais de televisão”, como observa o próprio, em novo vídeo, um ano depois do anúncio do projeto que lhe viria a mudar substancialmente a vida.

Em Março de 2024 voltou a publicar no YouTube sobre a Varziela, o que comprou – por 100 mil euros, aproximadamente – e o projeto que, entretanto, foi desenvolvido para reaproveitar as casas e cortes de animais adjacentes que fazem parte do fundo da aldeia castreja.

João Amorim começa por explicar, no primeiro vídeo de apresentação da dimensão do investimento feito com apoio do pai e um primo, a “meia-casa”, assim designada pelo formato do telhado, cujo ‘corte’ faz parecer metade de um imóvel.

“Esta casinha vinha acompanhada com quatro currais de vacas, ou cortes de vacas, como se chamam aqui. Só depois de comprarmos é que nos apercebemos que havia, aqui em baixo, uma placa pequena de uma imobiliária a dizer ‘Vende-se’. Não sabíamos bem o que é que estava à venda, mas decidimos ligar e percebemos que todas estas casas, do fundo da aldeia, estavam à venda. Daí o nome do projeto ser Fundo da Aldeia. Adorei o nome, achei incrível”, conta João Amorim.

Face aos investidores e pelo considerando de que “uma casa para três não serve”, João e os familiares investidores acabaram por fazer seis escrituras, mas que “no final, são muito mais casas”.

O custo do investimento para esta “tomada de posse” e poder sonhar maior foi na ordem dos 100 mil euros avançados no vídeo cujo título o influenciador admite ser ‘clickbait’, “mas, entretanto, já fizemos mais algumas compras”, adianta.

E a adição posterior ao património anunciado no início de 2023 foi de duas parcelas de terreno em área adjacente às casas, o que permitirá “abrir janelas maiores” nas casas a intervir e “acesso privilegiado” a um riacho que passa no fundo dos terrenos.

Assim, apesar do investimento inicial na ordem dos 100 mil euros, João Amorim está ciente de que, “num projeto como este, isso interessa muito pouco”.
“As casas estão super-degradadas, interessa mais o que é que se vai gastar a seguir, e vai ser muito dinheiro. Temos o objetivo de fazer aqui algo único, para respeitar este lugar que é único”, avança João Amorim, no fecho do vídeo de apresentação da dimensão do património adquirido.

No segundo vídeo, em que explica o projeto de intervenção e mostra caso a caso – talvez a expressão casa a casa também se aplique aqui – como será a reabilitação dos imóveis e área envolvente, com recurso a imagens 3D, João Amorim avança com números previsionais do investimento e ocupação do Fundo da Aldeia da Varziela.

“Vamos ter capacidade para 50 pessoas. É muita gente, vai fazer a diferença, sem dúvida, na economia local e essa é a nossa maior motivação. Conseguirmos empregar aqui pessoas da zona, trazer valorização à zona, trazer mais empregos, não só diretamente relacionados com aquilo que estamos a fazer, mas também indiretamente, porque vai acontecer, restaurantes, cafés, padarias, pastelarias, enfim, atividades turísticas”, avalia.

No essencial, do aproveitamento das casas, cortes e palheiros localizados no fundo da aldeia, haverá contextos e preços “para toda a gente”. “Vamos ter alojamentos maiores, mais pequenos, mais caros, mais baratos, um hostel, alguns alojamentos pet friendly e alguns alojamentos com capacidade para receber pessoas de mobilidade reduzida. Quase todos os alojamentos vão ter cozinha, vai ser um sítio para verão, para inverno. Enfim, estamos super entusiasmados”, avança João Amorim.

À pergunta “quanto é que isto vai custar?”, o influencer diz que o valor exato do orçamento é uma incógnita até para os mentores do projeto, mas apontam “para algo do género de 1 milhão e meio [de euros]”.

“Até custa dizer isto, mas pronto, são expectativas e neste momento estamos na fase de recrutar parceiros, uma empresa grande e possivelmente parceiros locais que possam vir construir este projeto o quanto antes, idealmente no verão, era a nossa expectativa”, perspetivou.

Para trás está “um ano duro de trabalho” com a equipa de arquitetura, que resultou num projeto de valorização da pedra, da abolição do tijolo, do bloco e das reconstruções sem qualidade arquitetónica e/ou estética feitas nos últimos anos.

No decorrer do vídeo, onde é mostrado o estado atual e o que será o futuro dos imóveis com recurso ao desenho 3D do interior e exterior das casas, João Amorim presta homenagem à última pessoa a nascer na Varziela, Fernando Esteves, falecido em Setembro de 2023, em acidente de automóvel.

“Há uns meses, eu estava aqui em Castro Laboreiro, na minha autocaravana e o sr.
Fernando passou de carro, parou, chamou-me e pediu-me para vir aqui até à Varziela. Ele foi a última pessoa a nascer na Varziela, numa destas casas e ele vendeu-me uma destas casas também. O sr. Fernando, infelizmente já não está entre nós, mas foi uma das pessoas que sempre mostrou muito entusiasmo pelo nosso projeto e muito carinho por nós. Quando me chamou para vir aqui à Varziela, chamou com o objetivo de partilhar comigo uma ideia que tinha tido, que era precisamente aproveitar estas pedras que estão atrás das casas para construir umas plataformas de madeira, de forma a dar acesso e vista para este terreno e para o rio. Em honra do sr. Fernando e da ideia incrível que teve, resolvemos construir três plataformas, a sair de cada uma destas três casas”, recorda João, mostrando no mesmo vídeo o que resultará a partir da ideia sonhada por Fernando Esteves.

Vídeo de João Amorim:



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