Até quando a ditadura do politicamente correcto?

Eu sou um admirador da obra e vida do Camilo e, como tal, todos os anos concretizava viagens de comboio de estudo ao Porto com os alunos e metia sempre no roteiro o Museu do antigo Tribunal da Relação do Porto, onde visitavam a Cela, com um bela vista para a paisagem da Ribeira e do Douro, onde esteve preso o Camilo Castelo Branco, pois este pagava as instalações para estar preso numa cela com condições e boa paisagem.


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Ricardo Gonçalves

Esta sanha contra o que seja considerado escandaloso sobre “exposição e utilização da mulher” para que seja retirado do espaço público, ou não possa acontecer no mesmo, por cheirar a machismo ou ser misógino, é um exagero quase ditatorial de uma parte da humanidade
que parece que quer dominar, ou vingar-se da outra parte.
Ora o atual Presidente da Câmara do Porto querer retirar do espaço público na cidade do Porto (pela pressão da opinião para já recuou) a estátua do Camilo Castelo Branco com uma mulher, ambos abraçados, que é uma homenagem ao Amor e este deve ser sempre divulgado
e enaltecido (não é uma estátua de gente que praticou violência gratuita, guerras desnecessárias, ou até escravatura. Essas, sim, são maus exemplos, que se dispensavam no espaço público) é uma barbaridade pois só é homenageado o Amor entre um homem e uma mulher, neste caso “o Amor de Perdição “ quer como livro, quer o romance entre o Camilo e a Ana Plácido que o levou à cadeia.

Eu sou um admirador da obra e vida do Camilo e, como tal, todos os anos concretizava viagens de comboio de estudo ao Porto com os alunos e metia sempre no roteiro o Museu do antigo Tribunal da Relação do Porto, onde visitavam a Cela, com um bela vista para a paisagem da Ribeira e do Douro, onde esteve preso o Camilo Castelo Branco, pois este pagava as instalações para estar preso numa cela com condições e boa paisagem, enquanto os pobres, que não tinham dinheiro para pagar a estadia na prisão, ficavam no rés do chão nas chamadas enxovias, onde dormiam no chão de pedra com alguma palha e umas mantas rotas…


Foi aí que o Camilo escreveu o Amor de Perdição e conheceu o salteador Zé do Telhado, que o protegia na cadeia dos bandidos internos e externos. Zé do Telhado foi falado por Camilo nas suas obras, mais tarde foi desterrado para Angola onde faleceu e onde os portugueses,
que viviam em Angola nos últimos anos antes da Independência, faziam romagens ao local onde o Zé do Telhado estava enterrado, na zona de Benguela, considerando-o um herói quase “Santo”
, porque, segundo diziam “roubava aos ricos para dar aos pobres que o apoiavam”.

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