Projeto Raízes expõe “O Último Croceiro?” no fim-de-semana de celebração do Brandeiro

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Texto: Proj. Raízes
Fotografia: Luís Borges

O Projeto Raízes (projecto que pode conhecer melhor neste texto) e a Junta de Freguesia de Gave organizam, nos dias 3 e 4 de agosto, a exposição denominada “O ÚLTIMO CROCEIRO?“, que estará patente ao público no recinto da Capela da Srª da Guia, na Branda da Aveleira e enquadra-se no programa do Dia do Brandeiro.

O evento reúne toda a população da freguesia para celebrar a cultura da transumância, uma tradição com 900 anos e é uma excelente oportunidade para sentir e viver esta montanha, perto do céu, que transmite emoções, tradições, património, natureza e a identidade desta comunidade

O ÚLTIMO CROCEIRO?” reflete uma herança da cultura rural em risco de extinção que entrega passado e pertença e, simultaneamente, oferece futuro e possibilidade.

A Branda da Aveleira situa-se à entrada do PNPG, nas encostas da serra da Peneda a cerca de 1100 m de altitude, onde são ainda visíveis os vestígios da era glaciar (Glaciação de Wurm). Classificada como Aldeia de Portugal pela ATA, representa a tipicidade da região e o “modus vivendi” de uma época.

Desde o século XII que os brandeiros da Gave sobem com os rebanhos para os pastos desta branda, libertando os terrenos da aldeia para o cultivo agrícola. Nesta vida de transumância, e de estreita ligação ao meio e aos ciclos naturais, a comunidade foi produzindo património material e imaterial da ruralidade.

Da vasta riqueza patrimonial destaca-se a arte dos croceiros: trabalhar o junco transformando-o numa peça de vestuário fundamental para a vida rude na montanha – a croça. Os meses rigorosos de Inverno exigiam aos autóctones uma forte capacidade de resistência e adaptação ao meio. É desse mesmo meio que retiravam, de forma natural, as plantas que a terra produzia transformando-as em vestuário.

A croça é um abrigo usado por pastores e camponeses, sobretudo das zonas de montanha, para se protegerem da chuva e do frio. A sua utilização é o exemplo da adaptação da comunidade às condicionantes climatéricas das regiões serranas e às exigências do trabalho agro-pastoril que implicava longos períodos de permanência à chuva, ao frio e à neve.

A habilidade do croceiro resultava da transmissão vertical ao longo de gerações. Numa aprendizagem longa e gradual que começava desde criança, com os avós, pais e irmãos mais velhos, os jovens com maior aptidão tornam-se, posteriormente, os artesãos que executam as croças para os restantes elementos da sua família/lugar/aldeia.

Um dos últimos croceiros de Melgaço vive na Gave e herdou a arte do pai, o Silvestre Esteves. Nascido em 1939, foi obrigado a emigrar com tenra idade. Volvidos 60 anos, regressou à sua aldeia onde revive as memórias da juventude, voltando a dar vida ao junco.

A croça que o Silvestre fez já não é usada pelos pastores… Os tempos mudaram! Atualmente, os pastores da fregue­sia andam de Jipe, Moto4 e vestem impermeáveis ou capas de oleado.

As tradições baseadas no saber-fazer são uma fonte rica de conhecimento, conectando gerações e proporcionando um entendimento mais profundo das raízes de uma comunidade, reforçando a sua identidade. Cada peça trabalhada é uma ode à tradição, uma homenagem a um saber-fazer secular que merece ser preservado e celebrado.

Programa

Dia 3 agosto (sábado)

09h30 – Entrada dos Gaiteiros
10h00 – Missa, seguida de procissão
11h30 – Abertura do Dia do Brandeiro
12h30 – Cortejo Etnográfico
13h30 – Almoço convívio
15h00 – Atuação da “Rusga de Sá”
21h00 – Atuação do “Ás da Concertina”

Dia 4 de agosto (domingo)
09h30 – Caminhada pelo Trilho do Vale Glaciar
14h00 – Atuação de 4 Ranchos Folclóricos
16h00 – Apanha do porco e convívio com vitela no espeto

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