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Pensava-se que o retorno à “normalidade” após o fim do segundo lockdown da pandemia Covid-19 se verificasse apenas nas práticas do dia-a-dia e não na vontade de deixar de novo o rural para ir espetar o nariz na coletânea de vírus da cidade.
Muitas notícias foram dadas sobre casais, gente jovem que voltava à casa dos pais ou mesmo comprar casa nas aldeias, para trabalhar perto da natureza, poder sair, poder voltar às raízes.
Não foram precisos mais de dois anos para se perceber que era uma declaração digna de amante que só quer ficar uns dias, até a chuva passar ou o marido/mulher telefonar a dizer que está a regressar de Macau.
E o exemplo, mais uma vez, até pode vir de fora: O jornal espanhol Faro de Vigo diz que, no final de 2024, as áreas urbanas recuperaram a população que se tinha mudado para o rural devido à Covid e há locais que até superaram o número de habitantes que tinham antes da pandemia.
Isto foi um “para a cidade e em força!”, depois de declarar amor ao verde, às vacas, à horta e ao pão feito em casa, num momento de fragilidade emocional. Porque era preciso dizer aos pais, aos avós e à comunidade que o traslado não era apenas uma forma de fugir às quatro paredes do prédio urbano, que deixavam de fazer sentido e ter conforto quando a recomendação era de distanciamento. Quando assim tem de ser, a cidade é o melhor casulo de pessoas sós, física e psicologicamente castradas.
No filme “As Oito Montanhas”, baseado no livro com o mesmo nome (de Paolo Cognetti), Bruno e Pietro constroem uma casa de montanha nas escarpas do Monte Rosa. O que começa por ser um desafio saudável e uma prova da amizade dos dois amigos, vai-se transformando em perda de conexão emocional que culmina num buraco na cobertura da casa, que Pietro não tem urgência em reparar…
Não estamos todos a deixar um buraco (figurativo ou não) na cobertura da casa que foi um feliz abrigo quando o mundo estava pior e nós, só porque tínhamos um abrigo na montanha, cinco metros quadrados de couves e toda uma serra para espairecer, nos considerávamos os mais sortudos do mundo?
Monção e Melgaço são um exemplo de reforma administrativa que resultaria bem, sem que nenhuma das partes perdesse serviços ou representatividade. Porque isto, à escala de um senhor que vive no Canadá ou nas bordas do Yellowstone, são pequenas parcelas de criação de gado, de madeira ou simplesmente de parque natural.
Quando uma empresa negoceia que vai e depois não vai, mesmo que seja uma transferência entre concelhos, o município que perde fica sempre sentido.
Felizmente, Melgaço sobreviveu ao ‘roer da corda’ de uma empresa que, alegadamente, iria ocupar cerca de 22 mil metros da sua nova Zona Empresarial – quis o destino que de repente o município onde está instalada voltasse a ter condições (?) para a manter no seu parque empresarial – mas perdeu um pequeno troféu nesta corrida empresarial.
Agora, o trunfo de Melgaço é o fotovoltaico, é o hidogénio verde, é o espaço para implementação, só falta mesmo que um grande empresário em Zurique, nos EUA ou em Frankfurt, lá naqueles prédios altos com superfícies espelhadas, abra o Google Maps, pique o Alto Minho (de Viana a Melgaço, como sabemos) e pondere: “Nesta freguesia ou nesta?”. Pelas vantagens verdes, que calhe Melgaço.
Quando se começaram a instalar semáforos para coordenar a “circulação alternada” e as máquinas começaram a raspar fatias de alcatrão velho da Estrada Nacional 101, no troço entre Valença e Monção, o povo sabia que ia ter transtornos na circulação entre os dois concelhos, mas expectante no que viria aí.
“Agora sim, vai ser um piso que nem vai ser preciso mudar pneus. Ah, e a faixa de transito lento, que vai permitir em alguns locais ultrapassar os camiões sem ter receio de levar com um ‘papa-reformas’ em sentido contrário, vai ser o céu”.
Passa-se um ou dois anos (a noção de tempo que durou a obra varia conforme o stress e a pressa em chegar a Valença para apanhar a A3) e os ‘técnicos’, our lords and saviors, o máximo que fazem é aliviar uma curva no sentido Valença-Monção (a seguir ao Merendola) e mudarem a alcatifa.
Não obstante, é um mimo rodar sobre aquele alcatrão, o pior são os camiões de marcha lenta – os tais que se imaginava terem pequenos pontos de faixa dedicada – e os semáforos, por causa dos pilotos de Need for Speed à paisana que transitam nesta estrada.
É que já se previa que o transito de camiões de mercadorias iria aumentar, o problema é que não sabemos o que dizer ao senhor que está a picar no Google Maps, se ele perguntar como estão servidas as novas zonas empresariais de acessos rodoviários. É que não sai do papel uma alternativa. Desenham-se ligações à A3, mas continua a trabalhar-se sobre tamanhos A5.
Em finais de janeiro ficamos a saber que o município de Terras de Bouro tinha em consulta pública (por 30 dias) o projeto de regulamento da taxa turística – entretanto já em vigor, a partir de 20 de Junho.
O que será a taxa? Quem alugar alojamento no concelho, paga mais um euro por noite (ou dormida. Estando na cama, só dorme se quiser). Portanto, quem alugue por 15 dias, paga mais 15 euros por dormida. Manuel Tibo, o presidente da Câmara, explica assim o projeto:
“Terras de Bouro, e em particular o Gerês, enquanto destino de referência turística e em desenvolvimento constante, associado à população residente e à população migrante que durante o período de verão acorre ao concelho, implicam um investimento por parte do município, nomeadamente através da realização de obras de manutenção, construção, reabilitação e requalificação dos bens do domínio público e privado municipal, assim como dos jardins e espaços públicos”.
Entende-se que a construção de passadiços ou trilhos para a ‘Cascata do Tahiti’, ou outras, seja dispendioso, mas a necessidade de intervenções nos bens de domínio público que Manuel Tibo alega são as mesmas que qualquer outro município poderia alegar.
Arcos de Valdevez não deveria cobrar mais um euro, para conseguir recuperar as partes degradadas da ecovia que liga o centro da Vila a Sistelo? Melgaço não teria motivos para cobrar mais um euro para poder construir (finalmente!) a ecovia que liga Cevide (desde o marco Nº1) ao centro da vila? Ponte de Lima não deveria cobrar um euro, à laia de indemnização, por causa do turismo de garrafão, que não come nem bebe, nem ‘dorme’ na hotelaria local?
Em alguns sítios, até era pertinente cobrar-se dois euros, um para a taxa de obras e outro para a ACHLI (Associação de Conservação do Habitat do Lobo Ibérico), por se andar a incomodar o lobo fora de horas.
No fundo, ao dormirmos em Terras de Bouro, estamos também a ser munícipes. Curiosamente, a taxa só se aplica a quem dorme, que é precisamente o período de tempo em que o turista menos estraga os bens do domínio público.
Depois da Covid-19, a nova pandemia é o Pilarete-21, uma praga que se alastra um pouco por todos os centros urbanos minhotos e que tende a deixar as vilas sem gente. É natural que, nas praças onde se movimenta mais gente, haja mais casos de indisciplina, mas não seria melhor multar os infratores do que andar a avançar cada vez mais com estes pilaretes que, pandemicamente, estão a acabar com os pequenos mercados locais?
Claro que foge tudo para os Intermarchés, Continentes e Pingos Doce desta vida (e eles agradecem) ou mesmo outras lojas que impliquem maior carga de produto, porque esses sim, têm parques especialmente dedicados, mas, e a mercearia de bairro, a loja de produtos agrícolas, a pequena loja de eletrodomésticos? Ou é a pagar, ou é uma fiada de pilaretes que parece aqueles circuitos para testar a aderência dos carros à pista ou de manobrabilidade das motos.
Depois dizem que os centros urbanos estão a morrer, mas são as políticas de “centro urbano sem carros” que estão a tirar novos e velhos das vilas, e desta vez a culpa desta pandemia nem sequer é para aliviar a carga da Segurança Social, como se alegava nos idos de 2020.
No âmbito do projeto “Green Cork” (da Quercus), com a campanha “Rolhas que deixam marca” e a participação no programa “Green Cork Escolas”, o município de Monção plantou 3500 carvalhos-alvarinho.
Com pompa e circunstância, a autarquia diz que se cumpriu o objetivo da realização de uma ação de reflorestação e na valorização do território ambiental concelhio.
Naturalmente, a campanha de recolha de rolhas teve a sua melhor ‘colheita’ na Feira do Alvarinho de Monção (novamente às portas), com a colocação de um ponto de recolha de rolhas gigante onde os expositores e equipas de limpeza fizeram o depósito.
O chato nestas iniciativas é que é preciso quase outras tantas garrafas do dito para convencer as equipas a ir à montanha monitorizar as necessidades do carvalho-alvarinho ‘bebé’ até que a árvore, por si só, consiga lutar contra os elementos, animais ou outros.
Porque não são raras as iniciativas de larga escala, onde se planta tanta árvore ‘wannabe’ que no dia da plantação dá-se-lhe promessas de gerar oxigénio para a próxima geração e o máximo que se consegue é que seja ração para um garrano ou vaca cachena, na manhã seguinte. Esperemos melhor para esta iniciativa. O carvalho-alvarinho fica muito bem nas nossas serras. O outro é melhor deixa-lo evoluir em garrafa.
Primeiro a Coindu, em Arcos de Valdevez, depois a Cablerías Group, em Valença, depois tudo o resto. A incerteza no setor automóvel afeta as unidades de produção de grupos grandes na Europa, como é o caso da Stellantis.
O jornal Faro de Vigo de 8 de novembro de 2024 avançava a confirmação de que o grupo ia despedir mais de 1100 pessoas da unidade de produção de Toledo, Ohio (nos EUA, onde está a plataforma da Jeep), mas pouco depois, após a saída de Carlos Tavares, o CEO da Stellantis, já não iam ser despedidos. Pior ficaram os de Detroit (EUA também), onde foram despedidas 400 pessoas. Na Europa, continuavam as incertezas.
Isto para chegar ao entendimento que de, mais do que a ‘ameaça’ dos elétricos chineses, a incerteza do setor tem mais a ver com o que se determina atrás de uma secretária e menos com o que se vende nos stands. Ou então os CEO’s têm a mesma capacidade de projeção e de cenários de investimento que um estudante de gestão de empresas sem acesso ao Chat GPT.
É impossível que a transição para os elétricos, a força do stock chinês e a produção europeia fique tão embaraçada rapidamente, como se só a partir de meados de 2024 se tivesse pegado na pasta dos investimentos ou olhado para a BYD, a Forthing e outras marcas pela primeira vez como competidoras.
Por isso, contem-nos tudo, deixem de nos manipular as notícias e expliquem-nos como vamos viabilizar a PLISAN, as empresas do setor instaladas um pouco pela região minhota e deixem de parecer que gerem um dos setores estruturais como se estivessem a jogar “Sims”.
Uma senhora de 75 anos – já com idade para ter cabeça e preparar a papelada para pedir reforma ou arranjar maleita para pedir apoio por invalidez – foi apanhada numa operação stop em Barcelos por contrafação. No dia de feira semanal daquele concelho, a senhora levava 74 malas contrafeitas (é, ela gosta de jogar com números aproximados, para confundir ao contarem a história dela e tirarem-lhe à idade).
Mas a culpa não é dela. Não será certamente uma viagem inaugural, mas também as senhoras que vão à feira de Barcelos comprar uma mala ‘Luís Vítor’ ou uma ‘Yvo São Lourenço’ querem o quê? Couro Taurillon? Nada, levam sintético e, dependendo da origem, pele de con!