Autárquicas 2025: José Albano ‘veste-se’ de campanha e soma primeiros aplausos às propostas da sua candidatura

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A noite de 14 de junho previa-se longa, e notava-se o nervosismo entre as mais de 300 pessoas presentes no jantar de apresentação das ideias e candidatura de José Albano Domingues à Câmara Municipal de Melgaço, nas autárquicas de 2025.

O espaço de eventos da Quinta do Reguengo encheu-se para ver e ouvir o momento de apoteose da noite: o candidato da Aliança Democrática (AD) – o acordo de coligação entre o Partido Social Democrata e o CDS-PP, firmado no início da noite entre os líderes locais José Albano Domingues (PSD) e José Cardoso (CDS) – ia falar pela primeira vez em público sobre o seu projeto para a autarquia.

Quando subiu ao púlpito, ainda não se tinham levantado as bandeiras da praxe. Na plateia estavam figuras de referência da AD: a nível nacional, o Secretário-Geral e líder da bancada parlamentar do PSD, Hugo Soares; a nível regional, Alberto Vilas (da Comissão Política Distrital); e, em gesto de apoio na esfera municipal, o autarca de Monção, António Barbosa. Os aplausos foram expressivos, mas moderados. Era a hora de ouvir (finalmente) o candidato que o partido insistia em trazer ‘a jogo’ há duas ou três campanhas.

José Albano Domingues apresentou-se, leu passagens do seu currículo vitae social, empresarial e político, recordou origens, identificou caras entre o público que o ouvia e atacou o primeiro tópico do seu discurso de campanha, negando a “resignação” ao “ciclo negro” que considera viver-se em Melgaço. Em jeito de introdução, apontou a primeira medida de “recuperação”:

“O primeiro passo pode ser difícil, mas é por aí que vamos começar: vamos recuperar e restaurar a nossa autoestima, a confiança em nós próprios, e vamos sair da depressão coletiva em que nos encontramos mergulhados.”

Foi em nome dessa vontade de contrariar o desânimo instalado, indicou, que abdica, “aos 50”, da “hora de abrandar” e de ter “alguma qualidade de vida”, para responder ao “chamamento do concelho”.

“Aqui nasci, aqui me criei, aqui me conheço como homem e como profissional, aqui tenho desenvolvido toda a minha vida. Não consigo continuar impávido e sereno a assistir à estagnação e regressão que se passa no nosso concelho. Os concelhos vizinhos – um deles bem perto de nós, extremamente bem timoneado – crescem, desenvolvem-se, aportam para os seus territórios dinâmicas de toda a ordem. E nós também precisamos disso. Também queremos isso. Também pedimos a ajuda de quem está a fazer muito bem o seu trabalho, como é o caso de António Barbosa. Basta de sermos perdedores, de sermos pequeninos. Basta de sermos uns coitadinhos. Melgaço não pode acabar como concelho. Não o permitirei. Os melgacenses têm valor, têm mérito e têm qualidade para ir muitíssimo mais além de onde estamos e para colocar o concelho no patamar que ele realmente merece”, ressalvou.

Reforçou ainda a identificação com o modelo de gestão operado pelo edil de Monção: “Partilho da filosofia do presidente António Barbosa: para crescermos em desenvolvimento, temos de fazer uma aposta forte no investimento privado. Nós somos amigos dos empresários. Eu também sou empresário. Conhecemos quem nos pode ajudar. Temos de trazer para cá investidores que criem negócios, que criem empregos, que fixem os nossos jovens, que paguem salários, não mínimos, mas acima da média, que produzam riqueza, fomentem o consumo e ajudem a economia local.”

“Somos, nos 24 municípios do Minho, o 23.º em poder de compra. Vendem-nos o território como sendo rico, mas, pelos vistos, não é bem assim” – expôs o candidato, que, enquanto líder da bancada da oposição, conhece o documento de prestação de contas do executivo e o passivo do município de Melgaço. “Neste momento, de acordo com a prestação de contas aprovada no mês de abril, é de 20 milhões de euros”, notou ainda.

Fez referência aos empresários com loja aberta na Vila de Melgaço e categorizou-os de “heróis”, por manterem a porta do estabelecimento aberta:

“Se não houver gente, se não houver emprego, se não houver distribuição de riqueza através de salários, não é possível sustentar o negócio. Nada vai funcionar. Não podemos estar à espera que a Câmara faça tudo. A Câmara tem de estar na retaguarda a apoiar, a ajudar efetivamente, mas tem de deixar funcionar a iniciativa privada.”

Na pasta dos transportes, defendeu a criação de uma rede de transportes interna e com ligação à sede do distrito:

“Alguma coisa tem de ser feita porque, infelizmente – e cada vez mais – não conseguimos resolver os nossos problemas em Melgaço. Temos de ir a Viana do Castelo para cuidar da nossa saúde, para tratar de assuntos da Segurança Social, para tratar de questões laborais, ou ao IMT para simplesmente renovar uma carta de condução. É fundamental termos ligações à sede do distrito. Se quisermos trazer turismo para o território e pô-lo a funcionar, sem comunicações a este nível, não vamos conseguir trazer gente que fique e deixe dinheiro no território”, reforçou.

Saúde: “Melgaço perdeu o Serviço de Atendimento Permanente e até a simpatia e a boa educação de algumas funcionárias que estão na receção”

O candidato da AD quer propor uma medida para “cuidar da saúde de todos”, que passará pela contratação de um seguro de saúde que ajude a “suplantar as grandes dificuldades” dos melgacenses e residentes no concelho, através de comparticipação nas “despesas com deslocações, serviços privados a nível de consultas, exames de diagnóstico e intervenções”, reiterou.

“Perdemos, no Centro de Saúde, o Serviço de Atendimento Permanente e até perdemos a empatia, a simpatia e a boa educação de algumas funcionárias que estão na receção” – atirou José Albano Domingues.

Defende a criação de uma Semana da Juventude, durante a qual se proporcione acesso gratuito a espaços museológicos, visitas ao património, se realizem atividades desportivas e de lazer, e se organize um festival de música:

“Privilegiando os nossos artistas locais – e já são muitos – aos quais não tem sido dado o devido valor”, reiterou.

No capítulo de iniciativas de teor desportivo, José Albano admite “recuperar uma coisa que não deveríamos ter perdido ‘por um prato de lentilhas’: a prova automobilística de Drift” – o que lhe rendeu o segundo aplauso efusivo da noite (o primeiro aconteceu quando falou das valências ‘perdidas’ pelo Centro de Saúde).

Enquanto entusiasta do motociclismo – uma das referências curriculares com que abriu o discurso falava do seu papel na fundação da Associação Motard “Lobos da Raia” – propõe a organização anual de uma Concentração Motard em Melgaço.

Ainda no desporto, quer ver melhor aproveitadas as valências dos dois pavilhões polidesportivos existentes no concelho, procurando criar horários compatíveis com todas as associações que precisam do espaço coberto, às quais o gimnodesportivo do Centro de Estágios já não está a conseguir dar resposta.

“Temos falta de espaço de uso no Pavilhão do Centro de Estágios. Temos a Escola de Dança, a Melgaço em Patins, a Associação A Batela [com o futsal], com dificuldades em arranjar horários para praticarem as suas modalidades. Uma solução tem de ser encontrada: ou conseguimos protocolar com a Escola C+S [a Escola da Vila, do Agrupamento de Escolas de Melgaço] a utilização do pavilhão fora do horário escolar, ou então teremos de pensar – e pensar bem, porque custa dinheiro – a médio prazo, em construir de raiz um pavilhão multiusos. E até vos digo um sítio onde ficaria bem: naqueles terrenos a seguir ao campo da feira”, perspetivou.

A proposta de algumas mudanças em torno do evento maior do concelho de Melgaço, criado em 1995 com cariz popular, arrancaria outra das manifestações populares mais ruidosas. José Albano Domingues diz que a Festa do Alvarinho e do Fumeiro, conforme o programa atual, perdeu a “matriz” que lhe esteve na origem e propõe fazer mudanças:

“Fomos pioneiros com a criação da Festa do Alvarinho e do Fumeiro. Perdemos a matriz e a força do que este certame significava. Vamos repensar o conceito, mas temos de o tornar mais tradicional, mais apelativo e mais popular – aberto às associações, aos nossos artesãos, às concertinas e aos bombos, se for o caso.”

José Albano

Sobre a localização, além de alguns rumores assumirem o espaço adjacente ao Centro de Estágios como boa alternativa, o candidato não se compromete. Refere haver no concelho “espaços fantásticos” para receber o evento, mas quer ouvir a população sobre a possibilidade de mudança de local.

Ainda nesse contexto geográfico, dá nota do “avançado estado de degradação” em que considera estarem os espaços recreativos do complexo desportivo do Centro de Estágios, nomeadamente “o campo de ténis, o parque infantil, e o minigolfe”.

No que respeita ao urbanismo e recuperação habitacional, José Albano Domingues volta a reforçar a proposta de redução da taxa do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), defendida pelo PSD “de há alguns anos a esta parte”, e apoios reais à requalificação de prédios:

“Fazem falta apoios reais à requalificação e reabilitação dos muitos prédios que temos no concelho, devolutos ou em avançado estado de degradação. Que depois se ponham no mercado de arrendamento com rendas acessíveis, até pode ser. Mas não podemos é tê-los abandonados e a cair”, frisou.

Ao Secretário-Geral e líder parlamentar do PSD, José Albano pede ajuda para que o Governo promova a realização do antigo projeto de “trazer a A28 para junto de nós”:

“É uma infraestrutura essencial para o desenvolvimento destes territórios. A atual estrada nacional, desde Cerveira até junto de nós, não é solução. Está saturada. Por aqui, não vamos conseguir trazer investimento e fomentar a mobilidade. Melgaço e Monção estão unidos nesta reivindicação, e o Governo Central tem de nos ajudar”, solicitou.

Preparando já o terreno da discussão de ideias e interesses em período de campanha, José Albano Domingues faz, perante as três centenas de simpatizantes, uma declaração de intenções:

“Não estou, nem nunca estarei neste processo para me servir. Antes, única e exclusivamente, para servir Melgaço. Diga-se o que se disser, não andamos aqui à procura de empregos. A nossa vida profissional está muito bem resolvida. Não temos ambições políticas, a não ser pela nossa terra. Se as tivéssemos, já teríamos dado este passo muito antes. Não queremos ocupar cadeiras de poder só para ocupar. Digo-vos o que queremos: queremos trabalhar. Queremos agir! Queremos fazer acontecer! Nós somos Melgaço, carago! E Melgaço merece mais!” – vincou.

E foi com um “carago” vocalizado em tom suscetível de gerar outros entendimentos (por altura das legislativas, Rui Tavares, do Livre, foi ‘vítima’ da mesma confusão fonética) que arrancou aplausos, palavras de apoio e bandeira no ar por toda a sala.

Hugo Soares: “A (R)evolução é o maior atestado de auto-incompetência que já vi”

Secretário-Geral e líder da bancada parlamentar do PSD, Hugo Soares, manifestou o “orgulho minhoto” em estar no Alto Minho e numa terra “que merece muito mais do que aquilo que tem tido nos últimos anos”.

A propósito dos “casamentos” – a palavra foi utilizada em referência ao protocolo PSD–CDS-PP, assinado naquela noite, mas também em referência a António Barbosa, que realizou naquele espaço os festejos do seu casamento há 16 anos – Hugo Soares considerava estar a testemunhar “o casamento de José Albano com Melgaço, porque ele vai ser mesmo o próximo Presidente da Câmara”, auspiciou.

“O José Albano tem amor à terra. A paixão com que ele falava de quem aqui se fez, se criou e aqui trabalhou… ele gosta de Melgaço. E, para se fazer as coisas bem, é preciso gostar do que estamos a fazer.”

Hugo Soares congratulou-se com a estratégia construtiva do candidato, que não centrou o seu discurso “só sobre os problemas e as dificuldades”, mas aproveitou o momento para “apontar caminhos, soluções e exemplos daquilo que quer fazer”.

Um candidato em “ponto rebuçado” para ganhar

O líder parlamentar elogia ainda a escolha profissional de José Albano Domingues, que quis primeiro “dedicar-se à sua vida, quis trabalhar, estar na iniciativa privada, quis criar riqueza”.

“Ainda bem, porque deixa-me dizer-te: acho que agora é que estás em ‘ponto rebuçado’ para lá chegares” – considerou. A sala riu e confirmou com aplausos a observação do líder parlamentar.

Reforçou ainda a necessidade de parceria intermunicipal e da importância de ter “concelhos ao lado que puxem para a mesma dinâmica, que tenham a mesma visão do território”: “Este exemplo, que vocês podem dar, do que é Monção nas mãos do Barbosa, e aquilo que Melgaço podia ser se tivesse um presidente de Câmara em condições, como vai ser com o Albano.”

“Quando chegava a Melgaço, vi um grande cartaz com a cara de um candidato que dizia o que se lia: ‘(R)evolução’. Vou ser honesto: eu pensei que o cartaz era ainda alusivo ao 25 de Abril. Explicaram-me que era do candidato do Partido Socialista. Pensei mesmo para mim, depois de me explicarem o que era: esta eleição está a meio caminho de ser ganha. Não está ganha, mas está a meio caminho. Aquele outdoor é o maior atestado de auto-incompetência que eu já vi na minha vida. Como é possível que alguém que governa o concelho há 43 anos [o Partido Socialista é líder do executivo de Melgaço desde 1982], e quem, nos últimos 8 anos, esteve lado a lado com quem preside a Câmara Municipal, diga, agora que é candidato, que quer fazer uma revolução no concelho? A pergunta que se tem de fazer é: o que é que estiveram lá a fazer nos últimos anos? E depois dizer-lhes, olhos nos olhos: os senhores falharam e estão agora a declarar-se incompetentes. Temos de ter a modéstia e a humildade para lhes dizer que eles têm razão. Melgaço precisa de uma revolução. Mas não é com eles. Eles já provaram que não são capazes de a fazer”, atirou Hugo Soares, a propósito da campanha lançada pelo Partido Socialista.

O Secretário-Geral do PSD manifestou a vontade de voltar a Melgaço “em breve” e assumiu um compromisso para regressar em dois momentos:

“Quero assumir hoje um compromisso com todos – e em especial contigo, José Albano: se precisares de mim na campanha, eu venho cá fazer campanha contigo. Mas o compromisso que eu quero assumir é que vou voltar para estar com todos vós na tomada de posse do José Albano como Presidente da Câmara Municipal”, disse.

Leia o texto completo na próxima edição impressa do jornal “A Voz de Melgaço”

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