Autárquicas 2025: Em Setembro, PS reclama maioria socialista na ocupação do Largo, anuncia medidas e diz que “não vem para falar mal de ninguém”

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“Uma campanha é, essencialmente, para esclarecer, para apresentarmos as nossas propostas. E como é para esclarecimento, eu quero vos dizer com toda a clareza e tenho certeza que acontecerá em toda a campanha com os candidatos do PS: nós não vamos dizer mal de ninguém. Não vamos dizer mal de Melgaço e dos melgacenses, sejam eles quem forem. Nós vamos aparecer pela positiva”


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Em meados de setembro, o Partido Socialista reservou para o seu primeiro momento alto da campanha o Largo Hermenegildo Solheiro, onde fez subir a palco os elementos das listas candidatas aos diferentes órgãos autárquicos do concelho.

A consubstanciar o momento de discursos, estiveram duas figuras fortes do partido, a nível nacional e local: o secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, que veio a Melgaço manifestar apoio à candidatura de José Adriano Lima, líder da lista para a Câmara Municipal; e Rui Solheiro, ex-presidente da Câmara Municipal de Melgaço e líder da lista candidata à Assembleia Municipal nestas autárquicas, que veio a terreiro para fortalecer a candidatura socialista e esclarecer – no seu primeiro discurso público após o regresso à política local, desde 2013 – sobre a evolução do concelho ao longo de mais de 40 anos de governação socialista, 31 dos quais sob sua gestão.

A chamada a jogo do nome de relevo da política concelhia e figura central na vida política de Melgaço ao longo de três décadas transformadoras da paisagem e das condições de vida da população rural portuguesa deu redobrado estímulo ao candidato à liderança da autarquia, que cresceu a admirar a obra do homem com quem agora reparte o esforço na corrida autárquica.

“Para mim é quase como quando um jogador é chamado à Seleção Nacional de Futebol e tem a oportunidade de jogar com o Cristiano Ronaldo. O melhor! Uma oportunidade única. Obrigado, Rui Solheiro”, notava José Adriano Lima, no seu discurso de apresentação de medidas.

Contudo, deixou a ressalva: “Este projeto não é feito só do Zé Adriano e do Rui Solheiro. É feito de muitas pessoas: dos 13 cabeças de lista às freguesias — o Diogo Castro, o Daniel Alves, a Elisabete Domingues, o João Luís Vilarinho, o David Barbeiros, o Joaquim Silva, o Ricardo Barreiros, o Amado Dias, o Luís Pires, o Ricardo Afonso, o José Domingues, o Manuel Esteves e o Fernando Pereira — e, naturalmente, também das pessoas que somam a cada uma das listas das freguesias”. Muitos dos “mais de 360 elementos” subiram a palco para dar rosto à candidatura.

José Adriano Lima apresentou-se como homem que, tendo crescido num contexto de conservadorismo de direita, fugiu ao guião e abraçou o centro-esquerda antes de desenvolver a verdadeira “consciência política”.
“Nasci e cresci numa família de esquerda, sem filiação partidária, mas de esquerda. Atendendo às condições em que cresci, podia ser perfeitamente um homem de direita, mas não sou. Os meus valores e os meus princípios sempre foram de centro-esquerda, talvez mesmo antes de ter verdadeira consciência política. Em minha casa sempre me incutiram que devemos ter orgulho nas nossas origens, na nossa terra, na nossa forma de falar, nas nossas tradições e estar disponíveis para, através da iniciativa privada ou da atividade pública, contribuir para o engrandecimento da minha terra”, reforçou.

No seu discurso [cujo essencial pode ler em www.vozdemelgaco.pt], José Adriano Lima apresentou um extenso programa de medidas, cruzando agricultura, indústria, comércio, turismo, demografia, saúde e políticas sociais.
Na agricultura, defende que o concelho não pode estar “refém de uma única cultura”, prometendo criar uma incubadora de empresas para diversificar a produção e apostar na pecuária e na apicultura. Ainda assim, destacou os vinhos de Monção e Melgaço como “dos melhores do mundo” e defende a criação de uma denominação de origem própria.

No campo industrial, apontou os investimentos já feitos na Zona Empresarial de Alvaredo e anunciou medidas agressivas de captação: preços por metro quadrado a 6 euros, redução de 50% nas taxas urbanísticas e isenção total da derrama de IRC. Prometeu ainda energia acessível do novo parque fotovoltaico, hidrogénio verde, carregadores elétricos e rede 5G.

No comércio, enquanto “filho de comerciantes”, rejeita “embustes” e promete apoio técnico, incentivos fiscais ao arrendamento e benefícios ambientais para empresários que reduzam consumos e reciclem resíduos.
No turismo, frisou o crescimento sustentado desde 2017 e defendeu a aposta no turismo de natureza e de saúde, com especial destaque para as Termas de Melgaço e a Ecovia do Rio Minho. “Temos de nos afirmar como destino obrigatório para os diabéticos de Portugal e do mundo”, afirmou.
Sobre demografia, assumiu o desafio contra o despovoamento, propondo atrair emigrantes de regresso e novos residentes, com benefícios fiscais e acesso a saúde, educação e habitação. Promete pugnar pelo regresso do serviço de consultas de ginecologia, obstetrícia e pediatria ao Centro de Saúde, construir habitação a custos controlados e criar alojamento estudantil. Aos jovens, prometeu o Conselho Municipal da Juventude e o orçamento participativo jovem.
Ainda na saúde, foi claro: “Vamos exigir a reposição do horário do Centro de Saúde até às 24h e pugnar pelo regresso do Serviço de Atendimento Permanente.”
Nas infraestruturas, exigiu a construção da rotunda de Prado, a ligação da A28 até Melgaço, “sem portagens”, e uma nova ponte internacional para ligar à PLISAN, do lado galego.

No ambiente, destacou o Parque Nacional da Peneda-Gerês, a aposta em energias renováveis e a proteção do rio Minho. No plano cultural, defendeu a recuperação do Cine Pelicano para albergar a segunda fase do Museu Jean-Loup Passek e a valorização da Casa da Cultura.

No desporto, sublinhou o papel do Centro de Estágios e do Complexo Desportivo na atração de equipas e no apoio às associações locais. Na proteção civil, prometeu requalificar o quartel dos bombeiros e procurar financiamento para um novo.

Na política social, garantiu que “ninguém fica para trás”, prometendo estimular o envelhecimento ativo, habitação social e apoio à comunidade imigrante: “Brasileiros, venezuelanos, colombianos, argentinos, sejam muito bem-vindos.”

Para os serviços públicos, reivindicou uma Loja do Cidadão em Melgaço e Espaços do Cidadão nas freguesias. E, em jeito de nota final, reafirmou o peso dos grandes eventos locais, como a Festa do Alvarinho e do Fumeiro, que quer manter como “montra de Melgaço”.

“Permitam-me uma palavra especial à presidente da Comissão de Honra, Maria José Pinho, com quem tive o privilégio de trabalhar na vida pública e com quem aprendi muito. Obrigado por estares comigo neste momento importante para mim e para todos nós. Quero agradecer também aos que me têm acompanhado nesta caminhada até aqui, que são muitos, cada vez mais, e me têm apoiado na idealização de propostas e momentos. Ao meu Mandatário Político, Maximiano Gonçalves, ao Mandatário Financeiro, Daniel Alves, à Diretora de Campanha, Cátia Domingues, à minha família toda, a todos muito obrigado. Nos próximos tempos vamos continuar a trabalhar para apresentar as nossas ideias, as nossas equipas, a nossa forma de estar na vida pública. O poder para que este projeto se concretize está na mão de cada um de vocês, pelo que é fundamental que, no próximo dia 12 de outubro, cada um de vocês vote na única opção do futuro, que é votar no Partido Socialista”, concluiu.

O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, teceu rasgados elogios ao “jovem, mas já com experiência para ser Melgaço em figura e a personalidade que vai interpretar a vontade coletiva” do concelho.

“O município de Melgaço, como um dos municípios de baixa densidade populacional, deve ser um desses municípios que, quando o Partido Socialista voltar ao Governo, venha a ser beneficiário de IRC mais baixo para as empresas que se localizam nestes territórios. Essa é a razão pela qual o Partido Socialista apresentou na Assembleia da República uma proposta para uma nova arquitetura de impostos que tem, entre as suas principais prioridades, garantir um IRC mais baixo para as empresas que investem no interior”, reforçou.

José Luís Carneiro congratulou a “prioridade programática” de José Adriano Lima em relação ao regresso do Serviço de Atendimento Permanente (SAP) ao Centro de Saúde, atentou para as dificuldades na reposição do serviço e deu um exemplo de solução, operada no concelho de Baião, onde foi autarca.

“Não é uma prioridade fácil. Seria demagógico estar a prometer aquilo que não se pode cumprir. Porque sabemos bem que depende do número de médicos de família e dos médicos disponíveis ou da prestação de serviços para que se garanta o atendimento noturno. O que é, sei bem, difícil. Porque eu fui autarca e, no município a que presidi, nós tínhamos Serviço de Atendimento Permanente, e um governo, o Governo da AD, quis fechar esse serviço e fechou, desde as 10 horas da noite até às 7 horas da manhã”, criticou.

E concretizou: “Fui ao encontro do Governo, da Administração Regional de Saúde e perguntei-lhes quanto custava aquele serviço. Custava cerca de 60 mil euros por ano. E eu disse-lhes: ‘É uma grave injustiça não terem 60 mil euros por ano para garantirem o atendimento médico das 10 horas da noite até às 7 horas da manhã’. Mas se o Estado não tem esse valor, a Câmara assume o pagamento desse serviço noturno e desde então, até hoje, nunca mais fechou o Serviço de Atendimento Permanente no município de Baião, a que presidi até 2015. Portanto, essa é uma prioridade que deve continuar a figurar nas tuas principais preocupações”, aconselhou José Luís Carneiro.

O líder nacional do PS destacou ainda a “cooperação transfronteiriça”. “As relações de cooperação com os nossos vizinhos de Espanha são muito importantes, porque, desse diálogo institucional, desses acordos de cooperação — e o Rui [Solheiro] sabe bem quantas vezes lhe pedi, como Secretário-Geral da Associação Nacional de Municípios, a relação das geminações que Portugal e que os municípios portugueses têm com o mundo — resultam instrumentos relevantes de desenvolvimento e de valorização dos recursos do território, nomeadamente a cooperação territorial transfronteiriça para valorizar o ambiente, os recursos naturais e para valorizar também o património local e o património da nossa região”, destacou.

Com uma entrada efusivamente aplaudida, Rui Solheiro, enquanto candidato à Assembleia Municipal, começou por contestar quem “diz mesmo mal de Melgaço”.

“Uma campanha é, essencialmente, para esclarecer, para apresentarmos as nossas propostas. E como é para esclarecimento, eu quero vos dizer com toda a clareza e tenho certeza que acontecerá em toda a campanha com os candidatos do PS: nós não vamos dizer mal de ninguém. Não vamos dizer mal de Melgaço e dos melgacenses, sejam eles quem forem. Nós vamos aparecer pela positiva”, começou por referir.

“Mas sendo um período de esclarecimento, é importante que não passemos ao lado. Não podemos ignorar o que dizem os nossos adversários em campanha eleitoral. E para mim foi, apesar de tudo, alguma surpresa ver que um dos candidatos opositores às nossas candidaturas diz mesmo mal de Melgaço. Parece que pretende fazer passar uma imagem para o exterior de que, quem não conheceu Melgaço e os ouça falar sobre aquilo que dizem sobre a nossa terra, parece que aqui não há nada, que ninguém trabalha, que nunca ninguém trabalhou por Melgaço, que é uma terra sem esperança e sem futuro”, ressalvou.

Depois de um extenso discurso, onde recordou momentos e obras estruturais realizadas um pouco por todo o concelho, Rui Solheiro reafirmou a disponibilidade do executivo socialista:

“Os candidatos do PS à Câmara Municipal, o presidente e os vereadores, estarão na Câmara Municipal com os dois pés. Não estarão com um pé na Câmara e outro na sua atividade privada. Com a nossa Câmara, com o nosso presidente da Câmara e a vereação, esta casa, estas portas têm que estar todos os dias abertas a todos os melgacenses. A Assembleia Municipal será um instrumento ao serviço da Câmara e do Município, numa reivindicação forte para defender sempre os interesses de Melgaço e dos melgacenses”, concluiu.

Pode ler o essencial dos discursos do comício do Partido Socialista em www.vozdemelgaco.pt

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"Quais foram as Câmaras que mudaram de ‘mão’ e mais ninguém ouviu falar delas? Valença do Minho passou para o PS, desapareceu; Cerveira passou para o PS, ninguém sabe deles. Portanto, os únicos que sabem governar e trabalhar para o futuro da nossa população somos nós e é com o José Albano e com a sua equipa, que vamos mudar Melgaço”.
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