Carlos Vieira de Castro: O filho do ‘império’ das bolachas que se tornou mecenas dos Bombeiros de Melgaço

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Carlos Vieira de Castro foi, sem que muitos se apercebessem, o protagonista de um dos momentos de êxtase do dia 29 de maio, feriado municipal e dia de Nossa Senhora da Orada, madrinha dos Bombeiros melgacenses.

Regressou a histórica viatura dos Bombeiros: o centenário Buick de seis cilindros, modelo de 1924 – doado por Simão Luíz de Souza Araújo à corporação em 1929 – conduzido pelo bombeiro e figura de referência local, Manuel Augusto de Castro, tendo a seu lado o mecenas que tornou possível o restauro do veículo, o comendador Carlos Vieira de Castro, presidente do Conselho de Administração da Vieira de Castro (fabricante das bolachas Vieira).

Previa-se o regresso – a funcionar, depois de cerca de dois anos de restauro – da histórica viatura dos Bombeiros, o centenário Buick de seis cilindros, modelo de 1924, doado por Simão Luíz de Souza Araújo à corporação em 1929. E assim aconteceu: conduzido pelo bombeiro e figura de referência local, Manuel Augusto de Castro (Sabino), o veículo transportava ainda, nos bancos dianteiros, o mecenas que tornou possível o restauro do veículo, o comendador Carlos Vieira de Castro, presidente do Conselho de Administração da Vieira de Castro (fabricante das bolachas Vieira).

Cliente habitual e visitante frequente de Augusto Castro no seu espaço de restauração na praça melgacense, o segundo da geração do império das bolachas Vieira tem ainda uma relação especial com o concelho de Melgaço – onde tem uma propriedade, berço da marca de Alvarinho Encostas de Melgaço, que brota da Quinta da Pigarra – e uma relação próxima com os bombeiros, uma paixão desde criança.

“Desde miúdo, fugia à escola e à catequese para ir para os bombeiros. Aos 18 anos fui para dirigente dos bombeiros famalicenses, ocupei todos os cargos da direção durante quarenta e tal anos, depois tive de passar a pasta”, começa por contar o comendador e benemérito, em declarações a este jornal.

O espírito solidário para com a missão dos bombeiros levou a que, depois de chegar a Melgaço e comprar a propriedade, fosse aos bombeiros “fazer uma visita”, até que alguém lhe terá dito que estava ali aquele carro… E já sabemos como acaba a história:
“Pedi ao engenheiro Borges que viesse comigo, fomos ver o carro e ele disse: ‘É melhor levá-lo para Famalicão, porque está aqui um problema, o carro está muito mal’”.

E foi. Esteve dois anos em processo de restauro, mas as peças para um carro centenário não estão em stock nem nos melhores armazéns da marca.

“Foi preciso fazer tudo novo. Pistões, segmentos, foi tudo refeito. Fica mais caro do que comprar um motor, mas não havia. Conseguimos muitas peças nos Estados Unidos, outras tiveram de ser feitas, mas pronto, é o bichinho de voluntariado que nos obriga a fazer estas coisas. Onde a gente pode, ajuda, como felizmente posso ajudar…”, conclui.

O sucesso da marca Vieira de Castro, criada por António Vieira de Castro no início dos anos 40 (século XX), aguçou o espírito solidário de Carlos Vieira de Castro, filho do fundador.

“A minha atividade foi sempre empresarial, na indústria das bolachas. Há sempre um bocado de tempo que temos que dedicar aos outros, porque trabalharmos só para nós não dá, temos de trabalhar para as coletividades, para a socialização das terras. Devemos pôr o que sabemos ao serviço dos outros”, considera.

Esperançoso numa mudança, Carlos Vieira de Castro diz que o mundo está a passar um momento “conturbado” em termos de solidariedade social.

“Nas últimas décadas, perdeu-se um bocado o conceito de apoio à sociedade. Está a criar-se uma sociedade que só quer fazer exigências às autoridades, a sociedade civil está um bocado adormecida, alguns até têm medo de ajudar, outros têm pouca vontade… Estamos a viver um momento de uma sociedade um bocado conturbada, mas esperemos que vá melhorando, depois de uma crise vem o melhor”, analisou.

Dada a aproximação a Melgaço e o estabelecimento de uma marca de Alvarinho, quisemos saber se o mesmo poderia acontecer com uma unidade de produção do produto que deu forma ao império Vieira de Castro. Menos provável.

“É quase impossível. Está longe dos portos, as moagens já estão no sul, no centro, estas deslocações são um bocado difíceis. Eu sei que hoje a distância quase não conta, mas tem sempre custos e são produtos de grande concorrência. É um produto quase de primeira necessidade, os preços são como são, é difícil. Para dar um exemplo, uma simples unidade que vamos aumentar agora, são 26 milhões [de euros]. É tudo muito grande. E temos a questão da mão-de-obra, também. Mas nunca se sabe, talvez daqui a cinquenta ou cem anos seja possível”, rematou.

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