Autárquicas 2025: Em Agosto, a AD tomou o Largo da Câmara, apresentou medidas, deixou recados e reforçou laços com municípios vizinhos

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“Quais foram as Câmaras que mudaram de ‘mão’ e mais ninguém ouviu falar delas? Valença do Minho passou para o PS, desapareceu; Cerveira passou para o PS, ninguém sabe deles. Portanto, os únicos que sabem governar e trabalhar para o futuro da nossa população somos nós e é com o José Albano e com a sua equipa, que vamos mudar Melgaço”.


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No final de agosto, o Largo Hermenegildo Solheiro encheu-se para o arranque da campanha da AD – Coligação PPD/PSD-CDS-PP às Autárquicas 2025. Com a Câmara Municipal como cenário de fundo, largas centenas de apoiantes marcaram presença no comício que assinalou a apresentação formal da candidatura de José Albano Domingues à liderança do município.

O momento serviu também para dar a conhecer as listas aos diversos órgãos do concelho e das freguesias, num feito inédito: a coligação apresentou candidaturas à Câmara, à Assembleia Municipal e às 13 Assembleias de Freguesia, assegurando presença em todo o território melgacense.

Este “pleno” é visto pelos candidatos como sinal da vontade de mudança que atravessa a população, após mais de quatro décadas de governação socialista em Melgaço.

O comício contou ainda com a presença de dirigentes nacionais e regionais do partido, entre eles o eurodeputado Sebastião Bugalho, o deputado à Assembleia da República José Lago Gonçalves e o presidente da Câmara de Arcos de Valdevez e líder distrital do PSD, Olegário Gonçalves, que reforçaram a confiança da estrutura no projeto local.

O candidato da coligação à Câmara Municipal, José Albano Domingues, subiu ao púlpito para um discurso de mais de 40 minutos e, num momento em que afinava o discurso que leva agora às ruas, às redes sociais e aos comícios das juntas de Freguesia, deixou reparos à oposição e apresentou algumas das linhas essenciais do seu programa.

Menos mandatos, menos dinheiro do Orçamento de Estado

O candidato da AD nota que o despovoamento verificado pelos censos de 2021 – a última contagem diz que Melgaço perdeu “quase 1.500 pessoas entre 2011 e 2021” – não podem ser atribuídos aos “custos do interior”, uma vez que o autarca e recandidato á liderança do executivo de Arcos de Valdevez, Olegário Gonçalves, notou que uma das suas freguesias de montanha, a Gavieira, aumentou a população desde os últimos censos.

“Esta Câmara tem atualmente sete vereadores. A partir do próximo processo eleitoral [12 de Outubro] passará a ter cinco. Mas não é a única consequência. Com a perda de habitantes, vamos perder também verbas que vêm do Orçamento do Estado. E Melgaço tem tudo menos excesso de recursos”, reforçou.

Ainda numa análise exaustiva às contas, o candidato da AD atira-se ao passivo da câmara: “De acordo com a prestação de contas distribuída em 2025, à data de 31 de dezembro de 2024, o passivo em Melgaço ascendia a 25,9 milhões de euros. Recorde-se que, dez anos antes, em 2014, era 12,5 milhões de euros, menos de metade. Melgaço é, com tristeza o digo, um dos municípios de Portugal com maior passivo e nível de endividamento. E pergunto: conseguem apontar obras de assinalável grandeza realizadas no concelho, ao longo da última década de governação, que justifiquem um aumento tão expressivo do passivo?”, lançou.

Ainda na análise aos indicadores, José Albano Domingues diz que não podem ser atribuídas responsabilidades à oposição pelos maus rankings que o concelho vem colecionando ao longo dos últimos anos ou aos negócios que, procurando resolver o défice do momento, ‘matou a galinha dos ovos de ouro’ do concelho.

“Não fomos nós que estivemos no Governo da Câmara nos últimos 43 anos. Não fomos nós que escolhemos, em 2013, para sucessor, o presidente da Câmara que ainda hoje ocupa funções. Não sou eu o vice-presidente da Câmara que tem acompanhado o sr. presidente na ação governativa nos últimos anos, o meu opositor nestas eleições autárquicas. E recuemos um bocadinho mais, porque é importante não termos memória curta: Não fomos nós que, em 2007, no tempo em que o atual candidato do Partido Socialista à Assembleia Municipal era ainda Presidente da Câmara, vendemos a participação do município à empresa Ventominho, que detinha o Parque Eólico do Alto Minho, descrito como um dos maiores da Europa, uma autêntica galinha dos ovos de ouro que poderia, fruto dos proventos e rendimentos que gerava, resolver muitos dos problemas financeiros do município. Sabem por que é que o venderam, por 11 milhões de euros? Simplesmente, para pagar dívidas que esse mesmo executivo foi acumulando ao longo dos anos”, apontou.

Em síntese, José Albano Domingues observou sobre os desequilíbrios de forças entre os privados e o setor público, onde afirma ser “incrível como é que há consultórios privados em Melgaço que têm uma sala de raio-X e o Centro de Saúde não tem”, e promete criar uma sala de pequena sutura e uma de raio-X, reforço das equipas médicas e de enfermagem e lançar um Cartão de Saúde Municipal que complemente o SNS, assegurando consultas, exames e até um médico ao domicílio.

Na área social, é incisivo na crítica: “É uma autêntica vergonha que Melgaço gaste, por ano, com este leque de apoios, 50 mil euros, ao passo que gasta, por exemplo, com publicidade, comunicação e imagem, mais de 200 mil.” Assume o compromisso de aumentar substancialmente os apoios sociais e reforçar os incentivos à natalidade.

Na habitação, o candidato quer “criar reais e efetivos incentivos à construção e à reabilitação dos muitos prédios urbanos degradados”, simplificar licenciamentos e aumentar a oferta para jovens, estudantes da Escola Superior de Desporto e Lazer e mão de obra de novas empresas.

Nos transportes, propõe-se que o município e as freguesias assegurem alternativas onde a rede privada ou intermunicipal (via CIM) não venha a fazer cobertura.

A juventude surge como foco com medidas de envolvimento direto: a criação de um Orçamento Participativo Jovem, no valor anual de 50 mil euros, e de uma Semana da Juventude com atividades culturais, desportivas e musicais. Promete ainda recuperar a prova de Drift – “porque já fomos capital desta modalidade” – e organizar uma concentração motard.

No campo económico, a proposta passa por atrair investimento privado e empresas com emprego qualificado, salários mais elevados e ligações estratégicas. O discurso sublinha a proximidade ao comboio de alta velocidade em Ourense e à plataforma logística PLISAN, garantindo que “os melgacenses também podem passar a ganhar ali a sua vida”. Paralelamente, defende-se a adaptação da oferta formativa técnico-superior em Melgaço às necessidades reais das empresas.

O turismo é encarado como motor essencial de desenvolvimento, mas numa lógica mais integrada. O candidato defende uma rede articulada de alojamento, restauração, desportos de natureza e património, a reaproximação da população ao rio, com a criação de uma praia fluvial, a concretização do passadiço de Remoães a Cevide, a recuperação de cerca de 400 moinhos e a revitalização das Termas do Peso e do Parque de Campismo. “Não queremos um parque termal abandonado à sua sorte”, frisou, defendendo a sua entrega a uma entidade com experiência e capacidade de gestão.

O discurso estendeu-se ainda às empresas municipais. Sobre a Quintas de Melgaço, defende que a participação da Câmara seja reduzida para menos de 25%, permitindo o acesso a fundos comunitários. Quanto ao Centro de Estágios, diz ser “imperioso atrair investimento e estabelecer parcerias com privados”, de forma a gerar maior dinamismo sem depender da injeção anual de verbas públicas.

Na cultura, destaca-se a urgência em requalificar a Casa da Cultura, “pendente de obras há mais de dez anos”, e em reformular a Festa do Alvarinho e do Fumeiro, tornando-a mais popular e próxima das pessoas, “acolhendo artesãos, associações e artistas locais”. No setor agrícola, surgem propostas como a criação de um centro de lavagem de pulverizadores e uma central de recolha de mel para apoio aos apicultores.

Finalmente, o programa apresenta compromissos fiscais, como a redução do IMI e a devolução parcial ou total dos 5% de IRS que revertem para o município. No plano regional, sublinha-se a necessidade de aproximar a A28 a Melgaço e a vontade de cooperar com Monção em reivindicações conjuntas, reforçando que “sendo o Governo da AD que está no poder, somos nós que estamos em melhores condições de lhes bater à porta e exigir apoios”.

No essencial, trata-se de um programa que contrapõe números e diagnósticos duros — como os “25 milhões e 922 mil euros de passivo” ou os “175 dias” de prazo médio de pagamento a fornecedores — com um conjunto vasto de propostas que procuram inverter o declínio demográfico e económico. O tom do candidato é claro: “Não podemos continuar neste caminho. Basta. Este estado de coisas tem de estancar.”

“Revolução vai acontecer, mas é pela AD”, diz Olegário Gonçalves

O presidente da Câmara de Arcos de Valdevez e líder distrital do PSD, Olegário Gonçalves, diz que a governação de direita é a única que tem operado mudanças nos concelhos onde é poder e tem contrariado os discursos de que o interior está invariavelmente a perder população.

“Esta revolução vai acontecer, mas é pela AD, aí de certeza vamos ter uma grande revolução em Melgaço. Daqui a quatro anos, com a revolução da AD, Melgaço vai estar irreconhecível”, reforçou.

“Vou dar três exemplos de duas câmaras do PSD e uma do PP: No distrito de Viana do Castelo, quais são os concelhos mais falados pelo desenvolvimento? Arcos de Valdevez (PSD), Monção (PSD) e Ponte de Lima (PP). Portanto, Melgaço tem de ser AD. Quais foram as Câmaras que mudaram de ‘mão’ e mais ninguém ouviu falar delas? Valença do Minho passou para o PS, desapareceu; Cerveira passou para o PS, ninguém sabe deles. Portanto, os únicos que sabem governar e trabalhar para o futuro da nossa população somos nós e é com o José Albano e com a sua equipa, que vamos mudar Melgaço”, reforçou.

Sobre um exemplo de um local do interior em crescimento, Olegário Gonçalves aponta uma freguesia de montanha vizinha de Melgaço: a Gavieira.

“A Gavieira, desde os últimos censos não perdeu população, aumentou. E nós, como Câmara, temos a obrigação de olhar para esses territórios de uma forma completamente diferente. E sabem qual é o investimento que estamos a fazer na Gavieira? O Santuário de Nossa Senhora da Peneda – que vos diz muito, mas tenham paciência, é dos Arcos – vamos investir lá mais de 4 milhões de euros durante este ano e no próximo. São Bento do Cando, na Gavieira, no âmbito da Aldeia Científica, vamos lá investir, e será também assinado no próximo mês um dos primeiros contratos de obra, cerca de 3 milhões e meio de euros”, adiantou.

O eurodeputado da AD, Sebastião Bugalho participou na sessão e congratulou todos aqueles que abdicam do seu tempo para a política de proximidade.

“No aeroporto em Bruxelas ninguém sabe quem eu sou. Quando somos candidatos na política local, sabemos que em nenhuma outra função vamos ser tão escrutinados, em nenhuma outra função nos vão cobrar tanto as promessas que fizermos. Em nenhuma outra função que não a de Presidente de Junta, Deputado Municipal ou o Vereador, nos podem dizer todos os dias, a partir do momento em que saímos de casa: “O senhor disse que ia fazer e ainda não fez. Há ali um problema que está por resolver.” Portanto, ao contrário de todas as outras funções, onde muitas vezes o poder está longe de quem o elege, as funções autárquicas são aquelas que exigem mais de nós. Portanto, o meu sentido e obrigado cívico a todos aqueles e aquelas que abdicam de um pouco do vosso tempo familiar, de um pouco do vosso tempo profissional, para cederem a vossa vida à política local. Não há nada mais nobre do que isso”, vincou.

Leia os discursos na íntegra de cada um dos oradores deste comício – José Albano Domingues, Manuel Fernandes, Anselmo Mendes, José Lago, Olegário Gonçalves, Sebastião Bugalho, etc – na edição online do jornal A Voz de Melgaço, em www.vozdemelgaco.pt

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