Dia do Brandeiro celebra tradição e memória com cortejo, escultura de homenagem e cinema ao ar livre

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“Enche-me de orgulho ver os jovens empenhados nestas tradições e não deixarem cair a tradição da nossa broa. Vamos todos à Branda, espero lá por todos. Levem os familiares, levem os amigos, certamente que sairão de lá satisfeitos”.


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A celebração da cultura e tradições do concelho que norteiam a programação do Melgaço em Festa tem como ponto inaugural um dos seus eventos mais acarinhados pela população das freguesias de montanha: o Dia do Brandeiro, prestes a celebrar 30 anos desde a sua primeira ação de homenagem aos homens da transumância.

Em 2025, o Dia do Brandeiro, nos dias 2 e 3 de agosto, volta a protagonizar, na Branda da Aveleira, uma série de iniciativas que dão cor e trazem à memória dos mais velhos e à curiosidade dos mais novos, um vislumbre da vida que a branda proporcionava a quem a trabalhava.

No primeiro dia (2 de agosto, sábado), a festa começa com a entrada dos Gaiteiros do Rio Mouro e da Rusga Amizades da Gave.

Às 10 horas, iniciam-se os atos solenes, com missa e procissão em honra de Nossa Senhora da Guia e, logo a seguir, pelas 11h30, decorre a sessão de abertura do Dia do Brandeiro, com a inauguração de uma escultura de homenagem aos brandeiros e intervenções do Presidente da Junta de Freguesia de Gave, Agostinho Alves, e do Presidente da Câmara Municipal de Melgaço, Manoel Batista. Segue-se o Momento Cultural “As Memórias da Branda e o Futuro”, pelo Dr. Rodrigues Lima, “um historiador e pessoa conhecedora das tradições e da cultura, que nos vai trazer mais uma história sobre a Branda”.

Sobre a inauguração da escultura de homenagem aos brandeiros e à transumância, Agostinho Alves explica que o elemento escultórico “representa a vida entre a freguesia, a Gave, e a Branda da Aveleira. Vai ser, sem dúvida, uma homenagem a todos os antepassados, mas também às gentes de hoje e um marco para a nossa freguesia”, reforçou.

Às 12h30 terá lugar o Cortejo Etnográfico “A Transumância”, momento alto desta comemoração e que tem reunido cada vez mais entusiastas do mundo rural.

“Tem marcado, nos últimos anos, uma referência importante nas nossas tradições. O cortejo engloba a passagem dos carros de bois, carregados como antigamente — uns com tojo, outros com lenha ou feno — aquilo que se produzia na branda e o que o brandeiro usava durante o tempo que lá estava”, diz o presidente de junta e promotor da vida na branda.

“O cortejo tem crescido de ano para ano. Têm-se juntado pessoas não só da freguesia, mas também de freguesias vizinhas e até de concelhos vizinhos, que consideram muito importante que façamos esta réplica do que era a transumância”, acrescenta.

Ainda no dia 2, sábado, haverá almoço convívio e animação musical com rusgas e com Laurence ‘Musicalie’, “uma filha da terra” que, a cada ano, reforça o seu compromisso com o Dia do Brandeiro.

À noite, pelas 22 horas, será exibido, em sessão ao ar livre, o filme Filhos do Vosso Amor, de Rui Pedro Lamy, naquela que será a sua terceira exibição junto da comunidade melgacense, depois de duas sessões esgotadas em maio e no final de julho, esta última no contexto do MDOC. Ao fim da noite há animação musical com Zézé Fernandes.

No dia 3 de agosto (domingo), a programação propõe um percurso pedestre com cerca de 6 quilómetros, de grau de dificuldade baixo, “que começa à beira do rio e regressa ao rio”.

Durante a tarde, realiza-se o Festival de Folclore “A Transumância”, que conta pela primeira vez com a Rusga Amizades da Gave, além dos habituais: Rancho Folclórico de Vilela (Arcos de Valdevez), Rancho Folclórico Amizades do Alto Minho, de Messy, e o Grupo Etnográfico da Casa do Povo de Melgaço, que irão abrilhantar a tarde até ao momento do convívio que encerra o evento, com a autóctone Cachena no espeto.

“Temos dois fornos instalados numa cardenha. Um deles vai ser para fazer cabrito recheado à moda da branda e o outro para fazermos a broa. Esta broa vai ser feita por três jovens. Um deles é um jovem mestre — ainda só tem 17 anos — mas já aprendeu com a avó a fazer a broa, e vai ter dois acompanhantes que também querem aprender. Enche-me de orgulho ver os jovens empenhados nestas tradições e não deixarem cair a tradição da nossa broa. Vamos todos à Branda, espero lá por todos. Levem os familiares, levem os amigos, certamente que sairão de lá satisfeitos”, convidou Agostinho Alves.

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