Projecto Raízes: Gave – e a região – lotaram Casa da Cultura. “O 10 de maio devia passar a ser feriado regional”

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“Quando vi aquele auditório repleto, a primeira coisa que me veio à mente foi algo que não disse: o 25 de Abril e a canção ‘Grândola, Vila Morena’, do Zeca Afonso, naquela passagem que diz ‘em cada esquina um amigo, em cada rosto a igualdade’. Se o povo que esteve aqui decidir que o dia 10 de maio tem que ser constantemente celebrado, não precisamos de outras instâncias superiores hierarquicamente, o povo é quem mais ordena.”


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Em dia de futebol e comícios políticos, foi o manifesto do mundo rural que lotou o auditório

No dia 10 de maio, o auditório da Casa da Cultura de Melgaço encheu-se para a exibição do filme “Filhos do Vosso Amor”, realizado por Rui Pedro Lamy para o projeto local Raízes, que visa a defesa e perpetuação do legado do mundo rural.

O filme documental, rodado na freguesia melgacense de Gave, encena momentos do quotidiano dos antigos brandeiros e o contraste com a realidade dos “novos brandeiros” que ainda povoam a mesma área geográfica.

O trabalho desenvolvido pelo Projeto Raízes, em colaboração com a Junta de Freguesia de Gave e a Associação Brandeiros, contou ainda com a inauguração da exposição fotográfica “O Último Croceiro?”, com imagens de Luís Borges – que documentam as várias fases da produção de uma croça por um dos últimos artesãos croceiros da região – e uma exposição etnográfica com objetos do quotidiano dos brandeiros, complementada por fotografias de Luís Miguel Portela.

O momento inaugural foi acompanhado musicalmente pela Rusga “Amigos da Gave”, que se estreou e apresentou repertório neste evento, acompanhada pela rusga “Amigos de Sá” (Arcos de Valdevez), que apadrinhou esta primeira ida a ‘terreiro’ do grupo local.

(…)

“Se o povo da alta montanha decidir que o dia 10 de maio é feriado, está decidido”

Ricardo Barreiros diz que a identidade do mundo rural e a identificação de quem vive nesta região ultrapassam fronteiras e convenções, pelo que o dia 10 de maio poderia tornar-se um dia reservado para a defesa do mundo rural, um encontro de todos os que se identificam.

“Quando vi aquele auditório repleto, a primeira coisa que me veio à mente foi algo que não disse: o 25 de Abril e a canção ‘Grândola, Vila Morena’, do Zeca Afonso, naquela passagem que diz ‘em cada esquina um amigo, em cada rosto a igualdade’. Se o povo que esteve aqui decidir que o dia 10 de maio tem que ser constantemente celebrado, não precisamos de outras instâncias superiores a nós hierarquicamente, porque o povo é quem mais ordena. Se o povo da alta montanha decidir que o dia 10 de maio passa a ser feriado para nós, está decidido. Temos aqui feriados que não há nos calendários: os dias santos, como Santo António, Senhora da Guia, o São Bento, dias que nós respeitávamos para as merendas. Era feriado naquela altura em que não havia mecanização da agricultura, em que tirávamos o dia para ir com os merendeiros, para confraternizar com as outras pessoas, para relembrar”, decretou Ricardo Barreiros.

Leia a reportagem na íntegra sobre protagonistas nesta noite que foi um verdadeiro manifesto em prol do mundo rural na edição de 01 de Junho do jornal “A Voz de Melgaço”

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