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Decorreu no dia 21 de setembro, na fonte Principal das Termas de Melgaço, a XVI Cerimónia Capitular da Real Confraria do Vinho Alvarinho.
Entre os novos confrades entronizados estaria o atual Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, que, por cancelamento de agenda por parte do Governo, devido aos incêndios que à altura tinham o país em alerta, não pode assumir a participação oficial no evento e ficou por isso adiada para o próximo capítulo.
Neste capítulo decorrido em Melgaço foram nomeados três confrades Honorários, um Oficial, dois Mestres e dezassete Enófilos. Participaram no acto representantes de 30 confrarias báquicas e gastronómicas de Portugal continental, Madeira e Espanha.
O momento de homenagens e entronizações foi pontuado por momentos musicais a cargo de Zézé Fernandes e a sua banda, e antes, pelas ruas de Melgaço, o desfile teve acompanhamento do Grupo de Danças e Tradições de Castro Laboreiro.
momentos musicais protagonizados por Zézé Fernandes e o reviver das tradições locais através da pisa das uvas e vindima animados pela Escola de Concertinas de Melgaço no Reguengo de Melgaço.
No momento de abertura da cerimónia de entronizações, o Grão-Mestre da Real Confraria do Vinho Alvarinho, Vítor Cardadeiro destacou a unicidade do Alvarinho Monção & Melgaço e a importância de cada um dos elementos que assumem o papel de embaixadores deste néctar.
“Não estamos a falar de beber um alvarinho, é muito mais e melhor do que isso. Nós bebemos Alvarinho Monção-Melgaço. No momento de escolher um vinho branco, quem quiser beber o melhor vinho branco do mundo, tem de ter no contrarrótulo Monção&Melgaço. Há Alvarinho por todo o país, sim, mas não é a mesma coisa. E também vos digo que se há Alvarinho por todo o país, Confrades do Alvarinho só há os que forem escolhidos e entronizados em Monção e Melgaço. E vocês estão entre os eleitos”, ressalvou.
“Trabalharemos para que os nossos vinhos estejam nas Astúrias e a vossa tradição culinária seja ainda mais conhecida, como merece. Em 2025 lá estaremos, para finalizar este casamento e o nosso almoço ficará ainda marcado por ver nascer o primeiro vinho da nossa confraria”.
A Real Confraria do Vinho Alvarinho perspectiva ter uma marca em registada que a represente e, com vinho próprio, aliviar o encargo aos Produtores que patrocinam a RCVA nos actos em que participam no país e estrangeiro.
O Presidente da Câmara Municipal de Melgaço, Manoel Batista, saudou as confrarias e destacou o “notável” trabalho feito ao longo dos últimos 50 anos pelos Produtores que desde então assumiram o alvarinho enquanto principal cultura nas suas parcelas.
“Em 2009, Melgaço era colocado no nome da região, que apenas era Sub-região de Monção, passou a ser Monção e Melgaço. Em 2014 tivemos um processo delicado, na altura, com alguma dramaticidade para o território, mas que julgo que foi capaz de ser ultrapassado e hoje foi capaz de ser um instrumento de alavancagem do território. O processo de alargamento da designação da DO Vinhos Verdes a toda a região dos Verdes permitiu-nos afirmar a região, dizendo que somos únicos, permitiu-nos, com essa afirmação da região e com a nossa unicidade, conquistar um importante selo de Monção e Melgaço, que hoje está nas garrafas dos nossos vinhos. Permitiu-nos também lutar por valor para a afirmação do território, embora tenhamos noção que nem todo o valor definido na altura terá sido utilizado, lamentavelmente, mas permitiu-nos também lutar por aquilo que hoje eu, o António [Barbosa, Presidente da Câmara Municipal de Monção] e o Alto Minho têm como adquirido, a necessidade de inovação e conhecimento”, analisou.
Homenagem ao Eng. Fernando Sousa
A RCVA prestou uma pequena homenagem ao Eng.º Fernando Sousa, técnico do Ministério da Agricultura, que desempenhou um papel relevante no percurso que o vinho Alvarinho teve neste território. Desenvolveu, através dos serviços, um trabalho de proximidade e acompanhamento aos agricultores locais em várias áreas ligadas ao setor primário.
O ano de 1989 foi a grande viragem no setor dos vinhos pois o apoio ao setor era financiado, praticamente a 100%. Melaço foi dos Concelhos da Direção Regional de Agricultura de Entre Douro e Minho com mais projetos apresentados. Isto só foi possível com um grande trabalho no terreno, junto aos produtores, e com o apoio dos técnicos da autarquia.
Nos inícios dos anos 90, tendo a visão de que o Vinho Alvarinho poderia ter potencial para o desenvolvimento económico de Melgaço, o Município fomentou a sua plantação com a oferta, aos agricultores, de ‘bacelos’, videiras para enxertar Alvarinho e respetivo apoio técnico em colaboração com técnico do Ministério da Agricultura. Posteriormente, com os programas Vitis, que financiava as plantações, a Zona Agrária colaborou na preparação e execução de centenas de projetos.
O Eng.º Fernando Sousa, na altura único funcionário da Zona Agrária, foi um elemento importante para a disseminação e plantação da casta Alvarinho no concelho de Melgaço numa altura em que as culturas predominantes eram o milho e o vinho tinto.
“Embora ao longo da minha vida profissional, não tenha mais feito do que aquilo que entendia ser meu dever, acredito que possa ter contribuído para o desenvolvimento extraordinário que o Alvarinho teve nos últimos 40 anos. Em 1979, quando entrei para o Ministério da Agricultura e fui colocado em Monção, recordo-me da existência das marcas de vinho Alvarinho, Palácio da Brejoeira, Cepa Velha e Adega Regional de Monção. Só para terem uma ideia do que era a realidade da produção de vinho na região, e não tendo dados relativos a [19]79, em 74 a adega de Monção registou a seguinte produção: Vinho Tinto – 1600 pipas; Vinho Alvarinho – 205 pipas. Outro Vinho Branco – 65 pipas. Estes dados permitem perceber o domínio, na altura, das culturas do milho e forrageiras para a produção do leite na região. A cultura do vinho, à data, era sem dúvida completamente marginal, o dominante era o tinto em bordadura. Em meados dos anos 80 começou-se a percecionar que a cultura do Alvarinho podia ser atraente, com o facto de haver fundos comunitários disponíveis e um canal comercial, da Adega Regional de Monção, com associados em Monção e Melgaço”, recordou o Engenheiro Fernando Sousa, no momento de agradecimento pela distinção.
Recordou ainda outros técnicos e promotores do Alvarinho na Sub-Região, como o antigo Presidente da Câmara Municipal de Melgaço, Rui Solheiro, “que além de ter cedido instalações para a minha vinda para Melgaço, onde se criou a Zona Agrária, doou milhares de pés de bacelos para enxertar Alvarinho. Promoveu o concurso de Alvarinho nas Festas da Cultura, criou o solar do Alvarinho, lutou arduamente, juntamente com Monção, para a criação da Sub-região de Monção e Melgaço e de lembrar igualmente a luta contra a criação da Barragem de Cela, que deu uma enorme confiança aos agricultores, uma vez que se pretendia proteger as condições climatéricas existentes para a produção de Alvarinho”.
“Permitam-me que deixe aqui uma homenagem aos enólogos que, ao longo de todos estes anos, têm contribuído para a obtenção de um produto de altíssima qualidade e a alguém que já não está entre nós, com quem comecei a trabalhar e que foi o pioneiro, enquanto técnico, desta cultura nos primórdios, o engenheiro Barreto Moura”, notou.
Confrades entronizados no XVI Capítulo da Real Confraria do Vinho Alvarinho
HONORÁRIOS:
MIGUEL Angel de Diós Fernandez [Confraria do Desarme de Oviedo]:
Hoteleiro de Oviedo, é conhecido por ser o Confrade Mayor da Confraria do Desarme. A sua mãe, também hoteleira, geriu o Bodegon de Taeatinos desde o ano de 1955. Em 2022, Miguel construiu um espaço maior e entrou no negócio familiar, entrando também para a associação de Hotelaria de Otea, na qual foi o vice-presidente, e também o presidente da Junta local de Oviedo.
Chef Marco Gomes
Transmontano convicto, homem da terra, ligado aos produtos e às raízes da gastronomia dos territórios do Norte de Portugal. Frequentou o primeiro curso de culinária em Bragança, cidade onde nasceu há 45 anos. Depois de passar pelo Hotel Forte de S. Francisco, em Chaves, Marco Gomes rumou para o Algarve, mais propriamente para a Quinta do Lago. No ano de 1999, regressou às origens, em Alfândega da Fé, foi inaugurar o Hotel SPA Alfândega da Fé, na Serra de Bornes. Nova mudança, mais uma inauguração, desta vez, o Hotel Casa da Calçada, em Amarante.
No ano 2003 abriu o seu próprio negócio na cidade do Porto, o RESTAURANTE FOZ VELHA, um ícone da cidade do Porto durante 13 anos consecutivos. Durante esse período abriu também a primeira Academia de Formação Culinária na mesma cidade. Atualmente é o chefe e proprietário do restaurante OFICINA, no Porto, onde leva à mesa uma gastronomia apaixonada pela tradição a afirmar a contemporaneidade.
Também tem a seu cargo a exploração de toda a área de restauração no Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, segunda maior sala de espetáculos do país. Consultor na área de Restauração e Hotelaria, partilha receitas tradicionais, todas as semanas, na rubrica de culinária do programa “Praça da Alegria”, na RTP. É Formador de Cozinha em Escolas de Hotelaria e integra o júri em vários Festivais Nacionais de Gastronomia. É um apaixonado pelo vinho Alvarinho que promove no seu restaurante assim como da carne de Cachena biológica da Branda da Aveleira, criada nas montanhas de Melgaço.
Gabriel Alves
Amplamente conhecido como jornalista desportivo da RTP (1975-2007), da RDP e da TVI24, Gabriel José Bragança Belard Pedrosa Alves nasceu em Maputo, Moçambique. Foi despachante de Tráfego na Companhia Aérea DETA em Moçambique de 1966 a 1968.
Locutor do RC Moçambique a partir de 1966 no Emissor da Zambézia Quelimane depois no Emissor do Norte em Nampula e em Lourenço Marques de 1972 a 1974. Locutor/Jornalista da Emissora Nacional a partir de janeiro de 1974 a junho de 1995. Jornalista da RTP desde outubro de 1979 a junho de 2007. Vários trabalhos com a TPA em Angola e Ministério do Desporto de 2007 a 2011. De 2012 a 2016 entrou na Bola TV, um projecto TV e desde 2016 até esta com a empresa espanhola Media Pro Produtos de Televisão. Desde há dois anos que é também colaborador com a Rádio Observador.
A paixão pelos vinhos, sua produção e viticultura, nasceu quando há 40 Anos deixou de fumar, procurando então outros motivos de prazer mais saudáveis. Confrade dos Vinhos do Dão entra, soma agora também a honra enquanto embaixador do vinho Alvarinho de Monção e Melgaço, vinho que aprecia de forma particular.
Confrades com o título de Oficial:
Michael A. Schaefer: Membro de longa data do painel de provas de vinhos da EPG Media, contribuindo com análises para a publicação comercial de bebidas para adultos mais lida nos Estados Unidos, desde 2007. Licenciado pela Universidade de Oregon, detém ambas as designações: Certified Specialist of Wine e Certified Wine Educator da Society of Wine Educators, uma organização internacional dedicada à promoção do conhecimento sobre o vinho da qual Michael fez parte do Conselho de Administração para além de ter sido Presidente da Comissão de Estatutos e Co-presidente da Comissão de Membros.
Possui ainda o Certificado Superior da Wine and Spirits Education Trust, de Londres e foi instrutor do WSET nos níveis de Certificado e Certificado Superior.
Em outubro de 2011, tornou-se Certified Sherry Educator, depois de frequentar e concluir com aproveitamento o curso ministrado pelo Consejo Regulador de Jerez, bem como ter sido premiado com o Center for Wine Origins Wine Location Specialist, além do Wines of Portugal Certification Avançada Nível 3 da Academia do Vinho.
Michael deu palestras extensivamente, nos Estados Unidos, bem como internacionalmente, sobre uma grande variedade de assuntos relacionados com o vinho. É também membro da FIJEV, a Federação Internacional de Jornalistas e Escritores de Vinhos e Bebidas Espirituosas da qual faz parte do Conselho de Administração e é o Delegado Nacional dos EUA.
Foi jurado em concursos utilizando vários critérios diferentes, incluindo as normas da OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho), bem como as desenvolvidas pela American Wine Society e outros grupos. Foi o diretor executivo do Concurso Internacional de Vinhos da Flórida de 2010, coordenando a aquisição de vinhos e a participação dos jurados. A sua experiência é respeitada em grau suficiente, para provar vinhos e determinar o seu nível de qualidade, como um especialista imparcial.
Foi entronizado confrade de Honra da Real Confraria do Vinho Alvarinho em 2011 aquando da participação como júri do Alvarinho International Wine Challenge, mas faz questão de ser confrade efetivo dado o apreço que tem pelo vinho Alvarinho e por este território que o apaixonou e no qual pretende adquirir uma propriedade.
Confrades com o título de Mestre:
Juliana Solheiro Durães e Francisco José Solheiro Durães, da empresa de vinhos com a marca Alvarinho Cícero.
David Fernandes Domingues, da empresa de vinhos com a marca de Alvarinho Monsão.
Confrades com o título de Enófilos:
Enrique Ubeira Prado, Lynda do Carmo Alves Pereira Lourenço e Faro, Manuel Fernando Pinto, Carlos Manuel Teixeira Mendes Pinto, Teresa Maria Ribeiro Morais, Teresa Cristina Alves Fernandes, Nelson Daniel Arantes Gonçalves, Carlos Manuel Morais Vieira, Pedro Fernando Soares Coelho Pote, Filipa Pacheco Rodrigues, Jorge Humberto Igrejas da Silva Almeida, Paulo Jorge Gomes Rodrigues, Ana Cristina Fernandes Dias, Eng.º José Borges, Natacha Caldas.