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Em Fevereiro de 2024, a Casa do Cerdedo protagonizou uma prova singular num dos restaurantes que é cliente dos seus vinhos, o Salitre, com vista de mar, na Praia do Mindelo, a 25 minutos do Porto.
A paisagem por si só não traria especial apport à degustação do vinho (além do conforto espiritual), não fosse pela vantagem de trazer à prova palatos diferentes e poder provar que a verdadeira comida do mar casa perfeitamente com o Alvarinho Casa do Cerdedo.
A prova, junto de distribuidores e entusiastas dos vinhos, primou pela visão diferenciadora do produtor, Manuel Luís Vergara Vaz, em querer mostrar os vinhos resultantes das diferentes parcelas que compõe o bouquet que resulta do lote final.
A experiência pretende mostrar a quem vai representar o vinho no mercado das garrafeiras e na sugestão à mesa, que é possível ‘despir’ o vinho e apreciar cada uma das camadas que dão forma à personalidade que assume no final, depois de feito o lote e engarrafado, onde repousa até ao momento em que lhe pedem para impressionar de novo.
O painel deu a cada uma delas notas entre os 17 e os 19 pontos (nos tradicionalmente 20 possíveis nestas tabelas), e destacaram a “boa acidez”, a tropicalidade e a mineralidade do bouquet.
Nas diferentes camadas em prova, numeradas ou designadas apenas com o nome da parcela, destacou-se a elegância, o aroma de pera verde, as notas de fruta do pomar, um toque de pimenta, a frescura, a persistência do final de boa e a personalidade que formou no lote, apenas provado no fim.
Mais do que um almoço onde se pretendia, em última instância, perceber se o Casa do Cerdedo 2024 brilharia na relação com a ‘carne’ do mar que ali se serve na sua mais plena frescura – praticamente do mar para a mesa – Luís Vergara Vaz quis mostrar que cada uma das parcelas poderia gerar uma referência que não envergonharia. Melhor, houve quem pedisse ao produtor que lançasse uma edição especial de alguns deles, para que o lote mais homogéneo não retirasse as notas aromáticas e sensoriais que encerravam.
Um breve apontamento histórico: a 17 de Maio de 1973, o Presidente da República, Américo Thomaz, promulgava, “para valer como lei”, o Decreto-Lei Nº275/73 que determinava, no Artigo 1º, “só poderão ser designados por «Alvarinho» os vinhos verdes brancos da sub-região de Monção provenientes da casta Alvarinha e com as características organoléticas e analíticas legalmente estabelecidas”. Nascia assim a exclusividade do Alvarinho para a sub-região [à altura só com referência a Monção], fruto do trabalho efetivo de técnicos e várias personalidades da região.
Luís Vergara Vaz recorda que foi das parcelas do Cerdedo que saiu o vinho – à altura ainda sem a designação da marca, que só seria criada em 2004 – que agraciou o Dr. Domingos Braga da Cruz, um dos patrocinadores da exclusividade, pelo trabalho que redundou neste decreto.
Recorda ainda o (hoje) mentor da Casa do Cerdedo, então estudante em Coimbra, em período de férias e no fulgor dos vinte anos, ter ido levar pessoalmente, por recomendação do padrinho, “uma ou duas caixas de vinho”, com o que então de melhor se produzia nas encostas de Roussas. Os vinhos do Cerdedo fundem-se com a história da sub-região e no quão exclusivo era/é produzir nestas parcelas.