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A freguesia de Alvaredo voltou a cumprir a tradição com a realização da Festa de S. Martinho, um dos momentos mais simbólicos do ano para a comunidade local.
A iniciativa contou com a organização da Comissão de Festas, composta por Catarina Barbosa, Clotilde Lima, Laurinda Barros, Marina Machado, Susana Araújo, Hélder Rodrigues, Carlos Reis, Diogo Castro, Tiago Gonçalves, José Luís Martins, José Certal, Luísa Rodrigues, Nazaré Carmo, Paulo Ribeiro e André Castro, que trabalharam ao longo dos últimos meses para preparar mais uma edição desta celebração.
Apesar de o mau tempo se ter feito sentir ao longo dos três dias, o que terá afastado alguns visitantes, a festa manteve-se viva, reunindo moradores e amigos da freguesia num ambiente de convívio, tradição e muita animação. Para garantir o conforto de todos, a festa contou com um recinto coberto por uma tenda, permitindo que as celebrações decorressem sem sobressaltos, mesmo sob chuva.
A programação musical foi um dos pontos altos da festa, com a atuação do sempre animado Trio Maré Viva, com sons populares e muita energia. Seguiu-se um eletrizante tributo ao rock pelos fabulosos “The Soung Bag”, que conquistaram o público com um espetáculo vibrante, marcado por grandes clássicos e boa disposição.

Entre castanhas assadas, atos religiosos, alegria partilhada e música, a Festa de S. Martinho voltou a afirmar-se como um momento de união e identidade para Alvaredo, reforçando o espírito comunitário que caracteriza esta freguesia.

“Há momentos no ano em que a nossa terra ganha um brilho diferente. A Festa de São Martinho é um desses momentos: um tempo em que Alvaredo abranda o ritmo, se reúne e olha para si própria com orgulho e pertença. Não é apenas o reencontro das pessoas ou a continuidade da tradição, uma herança que atravessa gerações, um fio que liga avós, pais e filhos num mesmo gesto de partilha.
Ao olharmos para esta festa, percebemos que nela cabem as memórias dos que vieram antes de nós e os sonhos dos que ainda crescerão nesta terra.
São Martinho, diante de um homem frio e desprotegido, não hesitou. Não perguntou quem era, de onde vinha ou o que podia dar em troca. Apenas viu alguém que precisava e ofereceu-lhe metade da sua capa. Um gesto simples, quase silencioso, que se transformou num símbolo maior do que ele próprio.
É essa simplicidade que ilumina esta festa. É essa humanidade que lhe dá sentido. É essa generosidade que reconhecemos, ano após ano, na forma como Alvaredo vive o seu padroeiro. Metade de uma capa não é apenas tecido; é tempo entregue, é cuidado partilhado, é humanidade oferecida sem medida. E é por isso que o gesto de São Martinho ressoa tão fundo: lembra-nos que o que damos, mesmo que pouco, pode ser tudo para alguém.
Ao prepararmos esta celebração, sentimos que a história de São Martinho não está distante, está presente nos gestos de hoje, nas mãos que ajudam, no tempo que se oferece, na união que se sente. Há um calor próprio que nasce quando a comunidade se junta, um calor que não vem do lume das castanhas, mas do lume das pessoas. É esse brilho que ilumina estas noites, que aquece o peito e nos lembra que, juntos, somos sempre mais.
Tal como S. Martinho dividiu a sua capa, também nós dividimos tarefas, responsabilidades, horas de esforço, ideias e boa vontade. A história repete-se, não como lenda, mas como atitude concreta da nossa comunidade.
Ao longo dos últimos dias, vimos rostos empenhados, passos apressados, vozes disponíveis e, sobretudo, uma vontade profunda de fazer parte. Vimos pessoas que chegaram antes de ser preciso e ficaram depois de tudo estar feito. Vimos quem trouxe força, quem trouxe jeito, quem trouxe soluções, quem trouxe presença. Vimos quem ajudou à vista de todos e quem ajudou no silêncio discreto, mas essencial.
Por isso, enquanto mordomos, deixamos um agradecimento que não cabe apenas nas palavras, porque foi sentido antes de ser dito. Agradecemos a todos os que ofereceram tempo, lembrando que, tal como São Martinho, o que se dá com o coração nunca se perde, multiplica-se. Agradecemos a quem partilhou conhecimento, talento e dedicação, moldando cada detalhe com cuidado, como quem sabe que a festa vive tanto do visível como do que se prepara em silêncio.
Agradecemos a quem ajudou sem procurar destaque, sabendo que os gestos mais discretos são, muitas vezes, os que mais sustentam o que fazemos. Agradecemos às famílias, vizinhos, amigos, jovens e seniores, que mantêm vivas as raízes da freguesia, fazendo de Alvaredo um lugar onde a entreajuda não é apenas valor, é identidade.
Cada contributo, seja grande ou pequeno, trouxe consigo algo do espírito de São Martinho. Tal como aquela metade de capa aqueceu quem a recebeu, também cada gesto desta comunidade aquece esta celebração e dá-lhe profundidade.
É esta união que faz da festa mais do que uma data, faz dela um símbolo do que somos. A Festa de São Martinho é o reflexo da nossa força coletiva. É o encontro entre a história de um Santo e a história de uma comunidade que continua a viver os valores que ele representa. É a prova de que, quando caminhamos lado a lado, o trabalho torna-se leve, a tradição torna-se viva e a identidade torna-se mais forte.
Ser de Alvaredo não é apenas viver aqui; é sentir que pertencemos uns aos outros, que partilhamos histórias, responsabilidades e sonhos. É saber que, quando alguém precisa, há sempre uma mão que se estende, tal como São Martinho estendeu a sua capa. Alvaredo é feita de pequenas mãos, de passos que se cruzam, de vozes que se reconhecem. Somos um tecido vivo, onde cada fio tem lugar e importância. Nesta festa, esses fios entrelaçam-se com ainda mais força, criando algo que nenhum de nós poderia tecer sozinho.
Em nome dos mordomos, deixamos o nosso muito obrigado, dito com gratidão; agradecemos-vos não só pelo que fizeram, mas pelo que são, porque uma festa constrói-se com trabalho, mas celebra-se com alma, e a alma desta festa é cada um de vós. Obrigada por cada gesto, obrigada por cada ajuda, obrigada por cada presença. Obrigada por fazerem de Alvaredo uma freguesia unida, presente e cheia de sentido.
Que o espírito de São Martinho, de partilha, de proximidade e de humanidade permaneça connosco muito para lá destes dias de festa, acompanhando-nos ao longo de todo o ano. E porque a história de São Martinho nos ensina que um simples gesto pode mudar tudo, queremos que este momento fique no coração de todos. Que o calor que ele levou a um desconhecido seja o mesmo calor que hoje sentimos aqui, o calor da união, da partilha, da comunidade que se reconhece e se apoia. Que esta energia permaneça viva, pois é na proximidade e na generosidade que encontramos o melhor de nós. A todos, o nosso sincero agradecimento.”