Publicidade

Publicidade
De 28 de julho a 3 de agosto, o MDOC – Festival Internacional de Documentário de Melgaço mostrou os filmes do mundo e, ao último dia, o júri premiou os mais acutilantes de cada categoria.
Passaram pelo festival 16 curtas e médias-metragens e 17 longas-metragens (28 foram estreias nacionais) em competição para os prémios Jean-Loup Passek, D. Quixote (FICC) e, pela primeira vez, ao FIPRESCI Prize, atribuído pela Federação Internacional de Críticos de Cinema.
No dia 3 de agosto foram finalmente conhecidos, em sessão que decorreu na Casa da Cultura pelas 19 horas, os vencedores da edição 2025 do MDOC, que este ano contou com mais de 4500 espetadores e a presença de mais de 15 realizadores e produtores.
O prémio Jean-Loup Passek para “Melhor Longa-metragem Internacional” foi atribuído a “CUTTING THROUGH ROCKS” de Sara Khaki e Mohammadreza Eyni, que nos conta a história de Sara Shahverdi, enquanto primeira vereadora eleita de uma aldeia iraniana, pretende quebrar antigas tradições patriarcais ao ensinar raparigas adolescentes a andar de mota e acabar com os casamentos infantis. Quando surgem acusações que questionam as intenções de Sara em empoderar as raparigas, a sua identidade entra em crise.
Nesta categoria, “destacou-se ainda AFTERWAR”, de Birgitte Stærmose, que arrecadou a Menção Honrosa. Este é um projeto tocante, filmado ao longo de 15 anos, que acompanhou um grupo de crianças entre 2008 e 2018, desde o tempo em que vendiam cigarros e amendoins nas ruas de Pristina até à sua vida adulta. Uma narrativa coletiva sobre um dos mais negros capítulos da história contemporânea da Europa – a guerra no Kosovo – que continua a ser (re)vivida nas pessoas e nos espaços.
“AL BASATEEN” de Antoine Chapon conquistou a “Melhor Curta ou Média-metragem” e o galardão para “Melhor Documentário Português” foi para “Kora” de Cláudia Varejão.
O filme da realizadora portuguesa traça a silhueta de mulheres refugiadas a viver em Portugal. Em comum entre si, trazem o passado no corpo e nas palavras, bem como aqueles que amam impressos em retratos. A partir dessas memórias, acedemos ao olhar íntimo e político de quem reconstrói o (seu) presente.
O FIPRESCI Prize, é um dos reconhecimentos mais importantes do cinema mundial – concedido por críticos de cinema da Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica. O júri composto por Barbara Lorey, Teresa Vena e Marina Kostova atribuiu o Prémio FIPRESCI ao filme “My Memory is Full of Ghosts” de Anas Zawahri, uma elegia visual comovente sobre o absurdo da guerra.
O mesmo filme conquistou também o Prémio D. Quixote (da IFFS – Federação Internacional de Cineclubes atribuído em Festivais de Cinema selecionados) para “Melhor Filme”. Já a “Melhor Curta-metragem” foi atribuída ao sensorial e político “Beneath Which Rivers Flow” de Ali Yahya.
Uma vez mais, o MDOC reafirmou o seu compromisso com o cinema documental atento às periferias sociais, políticas e geográficas. Com uma programação que reuniu filmes de dezenas de países (incluindo sobre o território melgacense com a estreia dos filmes resultantes da Residência de Cinema de 2024), o festival premiou, este ano, documentários que se destacaram pela sua força poética, política e dimensão humana.