Melgaço assinala 50º aniversário da Revolução dos Cravos com programa alargado

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Foto de destaque: GQ Portugal

O Município de Melgaço celebra o 50º aniversário da Revolução dos Cravos ao longo do mês de abril com um programa que integra exposições, homenagens, conferências, testemunhos, literatura, espetáculos musicais, sessões de cinema e animação de rua.

As primeiras iniciativas acontecem já amanhã, dia 2 de abril, inaugurando um programa que se estende até final do mês.

A duas primeiras atividades comemorativas acontecem a 2 de abrilPelas 17 horas, no Espaço Memória e Fronteira será exibido o vídeo “Mesa Redonda – 50 anos do 25 de abril”, uma apresentação da gravação em vídeo de testemunhos de personalidades diversas com intervenção significativa no contexto económico, político e social, à data da Revolução. Destaque, neste contexto e numa dimensão nacional, para o testemunho de duas personalidades que marcaram o arranque da Revolução: João Paulo Diniz, que colocou no ar a 1ª senha da Revolução; e Joaquim Furtado, que leu o 1º comunicado do Movimento das Forças Armadas aos microfones do Rádio Club Português. E, ainda, os testemunhos de António José Domingues – ex-contrabandista; Margarida Madalena Soares – retornada; Maria Emília Domingues – ex-contrabandista; Abel Alves Beites – ex-emigrante clandestino; e António Manuel Domingues – ex-combatente do Ultramar.

De seguida, pelas 18h30, no solar de Alvarinho, serão exibidas entrevistas à comunidade de alunos do pré-escolar, do 1º ciclo e da EPRAMI – Escola Profissional de Melgaço, abordando a questão “O que é para ti a liberdade?”.

Imagem: GQ Portugal (autor não identificado)

Na sexta-feira, 5 de abril, o programa de comemoração dos 50 anos da Revolução dos Cravos integra uma sessão de cinema gratuita na Casa da Cultura de Melgaço, onde, pelas 14h30, será exibido “Outro País”. Realizado por Sérgio Tréfaut, mostra a Revolução Portuguesa (1974-75) vista através dos olhares de alguns dos mais importantes fotógrafos e cineastas que testemunharam o evento. Quais eram os seus sonhos e expectativas? O que ficou do sonho da revolução? Um documentário que reúne arquivos históricos excecionais, com duração de 70 minutos. Os interessados em assistir à sessão deverão reservar antecipadamente o lugar na Casa da Cultura ou através do contacto telefónico 251410060.

Ainda no mesmo dia, pelas 15h45, terá lugar a inauguração da exposição “Livros censurados”, também na Casa da Cultura. Esta mostra bibliográfica, do Fundo Documental da Biblioteca Municipal de Melgaço, reúne uma coleção de livros até então censurados e ficará patente ao público até 30 de abril.

A 6 de abril será prestada uma homenagem a Maria Beatriz Rocha-Trindade, com a apresentação do livro “Em Torno da Mobilidade – Provérbios, Expressões Idiomáticas, Frases Consagradas”, pelo professor Albertino Gonçalves. A iniciativa acontece pelas 9h30, na Casa da Cultura e é de entrada livre.

No mesmo local, segue-se a inauguração da exposição “25 de Abril: Rumo ao Cinquentenário”, da CIM Alto Minho. A mostra, criada pelo Plano Nacional das Artes (PNA), é constituída por 11 roll-ups sobre os 50 anos do 25 de Abril de 1974, abordando vários temas, nomeadamente: regimes políticos do século XX, o Estado Novo, a contestação à ditadura, a guerra colonial, o MFA, o golpe de estado militar, a revolução, a descolonização e as independências, o PREC, a democracia e o ativismo. Cada painel terá um QR Code associado que permitirá aceder a uma página com conteúdos suplementares (textos, fotografias, imagens, vídeos, etc.).

Pelas 11 horas terá lugar a conferência “O Caminho para a Liberdade”, que contará com Aser Alvarez (Bande, politólogo e jornalista), que abordará o tema “O Assalto ao Santa Maria e o princípio do fim do Salazarismo”; com Xosé Estévez (Quiroga, Lugo, Galiza, Professor/Investigador), que partilhará a sua visão sobre “do Galeuzca ao DRIL (Diretório Revolucionário Ibérico de Libertação)”; com Américo Rodrigues (Castro Laboreiro, Professor/Investigador), que abordará o tema “Virgínia Moura, uma vida de luta pela liberdade”; e com Manuel Sarmento, que deixará o testemunho da resistência estudantil anti-fascista, pós crise académica de 1969”.

A entrada é livre, mas carece de inscrição prévia, que poderá ser realizada através do preenchimento do formulário disponível aqui.

A 12 de abril, na Casa da Cultura de Melgaço, pelas 21h30, será projetado o filme Salgueiro Maia – O Implicado, de Sérgio Graciano. O primeiro retrato, na grande tela, do que é considerado o herói e símbolo mais puro do 25 de abril de 1974.

Através de uma abordagem moderna, íntima e emotiva, “Salgueiro Maia – O Implicado” retrata as histórias não contadas sobre o Capitão de Abril, bem como pequenas revelações que permitirão compreender melhor de onde veio a moderação, a coragem, a cortesia e a firmeza com que sempre se apresentou, e a chave para a Revolução dos Cravos. Um filme que revela a outra face de um personagem mítico e presta homenagem ao homem, ao estudante, ao soldado, ao pai, ao amigo e ao soldado único de abril.  A sessão é gratuita, mas carece de reserva prévia, na receção da Casa da Cultura, ou através de contacto telefónico 251 410 060.

O programa engloba ainda a conferência “Celebramos abril … e agora?”. A ação acontecerá a 20 de abril pelas 9h30, no Salão Nobre da Câmara Municipal. Em breve será anunciado o painel completo e informações de participação.

Pelas 12 horas, no Museu de Cinema – Jean Loup Passek, será inaugurada a exposição “Memórias de Abril 1974-2000”. A mostra composta por fotografias e cartazes dos filmes, selecionados do Espólio Jean Loup Passek e que retratam o momento histórico, estará patente até final de 2024. Com o 25 de Abril o cinema desceu à rua, multiplicando-se as imagens testemunho de uma época e de um momento histórico que se prolongou nas fotografias e cartazes dos filmes – de intervenção política, militantes, documentários ou de ficção. As imagens presentes, do cinema de abril e seus prolongamentos, falam-nos da História, uma história da qual fazem parte e que o Museu de Cinema Jean-Loup Passek dá a conhecer.

À noite, pelas 22 horas, terá lugar uma sessão de cinema na Casa da Cultura de Melgaço: será exibido o filme Revolução sem Sangue, de Rui Pedro Sousa. De 2024, baseado em factos reais, o filme conta a história de quatro jovens que seguem as suas rotinas diárias num regime ditatorial. Embora não se conhecessem, o dia 25 de Abril de 1974 trouxe-lhes um destino comum. O dia que mudou o rumo do país ditou também o fim das suas vidas. Um golpe de Estado militar derrubou o Governo e a população foi incitada a permanecer em casa. No entanto, a ânsia pela liberdade levou-os, junto com a multidão, para as ruas. Esta é a história das suas vidas. O bilhete da sessão tem o valor de 3 euros.

A 24 de abril, na Casa da Cultura, o programa de comemoração convida à participação em dois momentos de animação musical. Pelas 15 horas terá lugar o espetáculo musical “Recordar abril”, com Dario Rocha. Mais tarde, pelas 21h30, acontecerá o espetáculo musical “De Não Saber O Que Me Espera | Homenagem a Zeca Afonso”, com Dario Rocha e convidados.

Ambos os momentos serão de entrada livre, mas carecem de reserva prévia, na receção da Casa da Cultura, ou através do telefone 251 410 060.

No dia do 50.º aniversário da Revolução dos Cravos, 25 de abril, as celebrações englobam animação de rua com os Gaiteiros Rio Mouro, uma comemoração solene, 0 hastear da bandeira e ainda a inauguração de duas exposições: na Praça da República “Rostos da Guerra do Ultramar”, que estará patente até 25 de maio; e no Espaço Memória e Fronteira a exposição de trabalhos realizados pela comunidade escolar de Melgaço, que ficará patente até final do ano.

Em jeito de nota de rodapé, deixamos a canção “Fato Cinzento”, de Pedro Barroso (falecido em Março de 2020), que é um perspicaz alerta sobre os “jovens idealistas” e a ilusão do fato que lhes vestimos com tanto esmero e esperança.

Esse fato cinzento executivo
fui eu quem to vestiu há tanto tempo,
Nunca pensei foi que alguém mudasse tanto,
Nem que o fato se tornasse tão cinzento
.

Conheci-te de bandeira desfraldada
braço erguido, gritando alto ao vento,
eras jovem convicto, exuberante,
mas afinal, foi uma questão de tempo
(…)”

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