Roussas também já protocolou nova vida para 284 hectares de floresta

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“Um conjunto de outras (Juntas e comunidades de baldios) estão a evoluir muito rapidamente para a assinatura desse protocolo. Feito o trabalho com entidades gestoras de baldios, a intenção do projecto será fazer a abordagem a privados”, diz Manoel Batista.


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Autarquia diz que projecto da ANTARR avançará para mais Freguesias e poderá estender-se aos privados

Depois da Comunidade Local dos Baldios de Penso, que aprovou em Setembro último um projecto que prevê revigorar 284 hectares de área florestal da Freguesia, segue-se Roussas.

Também em Setembro, mas  no dia 26, a União de Freguesias de Vila e Roussas (Gestora dos Baldios de Roussas) assinou protocolo com a ANTARR – Sustenaible Productive Forest, S.A. (Consórcio entre a Efanor Investimentos-SGPS (do grupo Sonae) e a Fundação Calouste Gulbenkian] para exploração de mais de 254 hectares de terrenos baldios de Roussas.

O protocolo visa a reflorestação de 196.01 hectares de terreno com a introdução de novas tipologias de povoamentos florestais, dividido entre 155.38 ha (62%) de Resinosas (pinheiro bravo; pinheiro insigne e Pseudotsuga) e 40.63 ha (15%) de folhosas (Carvalho, Castanheiro, Cedro-branco e Freixo-comum) e recuperação de quatro quilómetros de galerias ripícolas, para além de manutenção de 14 quilómetros de rede viária (estradões), estando previsto um investimento inicial de 593 mil euros e um investimento global estimado em 17,2 milhões de euros, onde se inclui uma renda anual inicial de 5100 euros (atualizada segundo o coeficiente de atualização anual das rendas) que totalizará uma renda acumulada (estimada) de 501 mil euros.

A UF de Vila e Roussas garante, em publicação nas redes sociais, que foram “salvaguardados os direitos dos Compartes de forma a manterem os usos e costumes de fruição do baldio, nomeadamente apicultura, caça, retirada de lenhas, e pastoreio, desde que não seja colocado em causa o normal desenvolvimento das espécies plantadas”.

Note-se que a Fundação Calouste Gulbenkian e a Efanor Investimentos, através da Antarr, tem como objectivo intervir, nos próximos anos, numa área de 15 mil hectares, a partir do arrendamento de terrenos no Norte e Centro do país, com um investimento previsto de cerca de 31 milhões de euros, partilhado em partes iguais pelos parceiros.

O projeto aposta numa gestão florestal mais eficiente, na promoção da biodiversidade e dos serviços de ecossistemas, no elevado sequestro de carbono, na diversificação da paisagem e na criação de mosaicos, por oposição à floresta contínua.  A redução do risco de incêndio será também um dos pontos-chave da intervenção, através da diversificação e combinação de espécies – com maior predominância do Pinheiro-Bravo e Sobreiro, incluindo ainda Carvalhos e Medronheiro, de um total de 12 espécies selecionadas –, a implementação de faixas de gestão de combustível em sítios estratégicos e a aposta na vigilância regular.

Para a Fundação Calouste Gulbenkian, o projeto apresenta-se também como uma forma de diversificação dos seus investimentos, na sequência da decisão tomada em 2019 de desinvestimento no petróleo e no gás.

“Esperamos ter encontrado o modelo com retorno económico, ambiental e social para a Floresta do centro e norte de Portugal. Este investimento servirá para o comprovar e, posteriormente, o poder alargar significativamente”, indica Paulo Azevedo, Presidente da Efanor Investimentos, a holding da família Azevedo.

Para o presidente da Câmara Municipal de Melgaço, Manoel Batista, o projecto traz uma “visão interessante” para o território, ao “pegar na paisagem florestal e revitalizá-la, assentando na biodiversidade”.

“Propõem ficar com a floresta concessionada durante um período, fazer o investimento de reflorestação, procurando junto aos espaços mais vitais, como os ribeiros, uma florestação com autóctones, criando depois zonas de exploração, com outro tipo de floresta”, explica.

Manoel Batista considerou “muito interessante” a proposta chegada via Câmara Municipal, depois endereçada aos juntas de freguesia e gestões de baldios.

“Parece-me que com isto poderemos fazer uma reflorestação saudável, estruturada e sustentável da nossa floresta. É absolutamente desejável que isto aconteça, e projetos privados são projetos interessantes para esta área”, acrescentou.

Adianta ainda que, aos protocolos já assinados com Penso e Roussas, somar-se-ão outros com juntas e entidades gestoras de baldios do concelho, o projeto da ANTARR poderá avançar para contratualizar nos mesmos moldes com privados.

“Um conjunto de outras (Juntas e comunidades de baldios) estão a evoluir muito rapidamente para a assinatura desse protocolo. Feito o trabalho com entidades gestoras de baldios, a intenção do projecto será fazer a abordagem a privados”, adianta o edil.

A dimensão de um projeto como este poderá, não só proporcionar um retorno financeiro anual interessante, mas relançar as bases para “o retorno mais interessante, de revitalizarmos a floresta, torná-la mais produtiva, com diversidade, mais segura e resistente aos incêndios”, consubstanciou o autarca.

Texto publicado na edição impressa de novembro do jornal "A Voz de Melgaço"
Fotos: DR || c./ CM Melgaço

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