Entre as entidades que apenas cobram o ‘dízimo’ e os ativistas de Facebook, José Carlos Pires diz que “os caçadores são os únicos que cuidam do monte”

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“Rio-me quando colegas nossos ou pessoas que vem à montanha e tiram fotografias de um veado, por exemplo, e as redes sociais vem com o discurso de não se colocar ou não dizerem onde estão, senão os caçadores vão lá e matam. É ridículo, porque nós [caçadores] passamos por eles todos os dias e desviamo-nos”.


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Para José Carlos Pires, castrejo de gema, membro da Direcção da Associação Desportiva e Cultural de Caça e Pesca de Castro Laboreiro e Lamas de Mouro, são os activistas de Facebook (e outras redes sociais onde prolifera o movimento woke) que desvirtuam e propagam uma imagem errada da caça e dos caçadores.

Contrariamente às críticas, assegura que “os caçadores são os únicos que cuidam do monte”, zelam pela manutenção de espécies, policiando actividades que possam conferir crime e equilibram o habitat para que a biodiversidade continue a permitir boas fotos aos visitantes urbanos.

“Rio-me quando colegas nossos ou pessoas que vem à montanha e tiram fotografias de um veado, por exemplo – que é uma espécie que já abunda, ou de uma cabra montesa, que também já abunda –  e as redes sociais vem com o discurso de não se colocar ou não dizerem onde estão, senão os caçadores vão lá e matam. É ridículo, porque nós [caçadores] passamos por eles todos os dias e desviamo-nos. Todos os dias vemos veados, cabras montesas, corços… Nós coexistimos com estas espécies há muitos anos, os animais proliferam no nosso território, onde caçamos. Por vezes vemo-los crescer, temos noção da população de veados em determinadas zonas, quantos machos há… mas desviamo-nos”, atira, aproveitando a oportunidade para “passar a mensagem das dificuldades, mostrar o que nos vai na alma”.

Desde Setembro até à primeira quinzena de Fevereiro, as associações de caça tem alguma liberdade para escolher a época venatório, que varia conforme a espécie. Contudo, e no que respeita à caça de espécies que sensibilizam as redes sociais, José Carlos esclarece que, em termos de caça maior, a única permitida na área da associação de caça de Castro Laboreiro e Lamas de Mouro de que faz parte é ao javali, em número abundante por todo o concelho.

“Alguns estudos poderão atribuir a possibilidade de mais uma espécie cinegética, que é o corço. O Parque [a gestão do Parque Nacional Peneda-Gerês permite, fazendo um estudo sobre a população do corço, que tem variado muito, consoante a doença, dois corços machos por cada zona de caça”, nota José Carlos, notando que “por bom senso”, a natureza tem feito e correcção da densidade populacional de espécies.

 “A doença tem feito o equilíbrio natural, como no caso da raposa, a doença consegue equilibrar a população, por isso não temos a necessidade de o fazer nós”, ressalva.

Contudo, e para que a caça continue a primar pelo convívio e a vertente desportiva, respeitando a paisagem, “na associação de Castro Laboreiro temos praticamente só residentes em Castro Laboreiro. Acabamos por nos entender, perceber as dificuldades”.

“Todos têm de saber manter o equilibro e o respeito pela natureza”, indica José Carlos Pires, assumindo que por vezes são os membros da associativa que fazem de vigilantes e denunciantes das práticas ilegais, como a caça furtiva, praticada por visitantes.

 “Algumas pessoas fazem da caça furtiva um desporto, de vez em quando, mas é residual. Nós, como associação e interessados na defesa do nosso património, todos os anos apresentamos uma queixa ao SEPNA [Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente] sobre certas praticas de locais ou de fora de Castro Laboreiro que, continuadamente, principalmente no Verão, quando vêm de férias, tem tendência a umas ‘brincadeiras’ pouco pensadas”, denuncia José Carlos, apelando a que estas denuncias sejam tidas em conta para que estas ‘aventuras’ estivais não se tornem moda.

Contudo, alguns povoamentos que hoje embelezam a vida selvagem do PNPG só foram possíveis devido à caça, mas do lado galego, diz José Carlos. “Só existe veado e cabra montesa no PNPG e em Castro Laboreiro porque saltaram a cerca da zona de caça intensiva de Espanha”.

Com uma área de 13 mil hectares, embora apenas 3500 sejam de zona de caça, os inúmeros estradões e caminhos que atravessam o território tornam difícil o efectivo controlo. Nem os 45 sócios da Associação Desportiva e Cultural de Caça e Pesca de Castro Laboreiro e Lamas de Mouro conseguem percorrer toda a mancha de caça controlada.

Mas não é só usufruto limpo: Pagam anualmente cem euros de quotas, de ondem saem (também anualmente) 3500 euros para o ICNF a troco de… “nada”.

“O ICNF cobra-nos todos os anos um euro por cada hectare. Se temos 3500 hectares, são 3500 euros que temos de ter, e não nos fazem nada em troca, é só para podermos caçar. Renovam-nos a concessão de caça, por 36 anos, mas todos os anos temos de pagar uma taxa. Somos nós, a expensas próprias, que fazemos lavradas, capinar o monte, dentro das nossas possibilidades, mas só assim conseguimos manter a caça menor, coelho, a perdiz ou a lebre, de forma sustentável”.

José Carlos Pires

Sugere que a entidade que zela pelo equilíbrio da vida selvagem com a vida humana que coabita o mesmo território desde tempos seculares faça mais pelas pessoas, além da cobrança da taxa.

“Seria justo que parte da taxa que todos os anos pagamos ao Estado, fosse investida no território. Era uma forma de devolver, não em dinheiro, mas em trabalho, o que pagamos. Para nos já era uma mais-valia grande”.

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